No início da pandemia do Coronavírus, em 2019, muitas incógnitas cercavam este grave problema que assolou o mundo. Após o final do primeiro lockdown, quando as cirurgias eletivas e estéticas voltaram a ser realizadas, observamos um aumento significativo na procura por tratamentos capilares e também pela cirurgia de transplante capilar.
Os tratamentos para queda de cabelo tiveram sua procura aumentada, pois um dos efeitos da Covid-19 é uma queda de cabelo temporária, chamada eflúvio telógeno, que atinge cerca de 25% dos pacientes e que pode durar até dois meses.
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Porém, a busca pela cirurgia de transplante capilar também experimentou aumento semelhante e alguns fatores contribuíram para isso. Durante o período de home office, com várias reuniões por teleconferência, Zoom e FaceTime, as pessoas passaram a se olhar muito mais nas telas dos dispositivos eletrônicos e a observar efeitos do envelhecimento, como a queda de cabelo, de uma forma mais frequente. Além disso, o afastamento dos escritórios estimulou a decisão pela cirurgia neste período, pois o pós-operatório – quando ficam mais visíveis os efeitos da cirurgia, como inchaços, crostas e vermelhidão – torna-se mais discreto, longe da vista dos colegas de trabalho e funcionários.
Mas aí vem um receio muito frequente de como o resultado seria percebido e comentado após o retorno aos escritórios com cabelo, que antes não existia. Este receio existe há décadas e cerca quase todos os procedimentos estéticos, sendo mais perceptível nos homens. A sensação de que serão julgados, de parecer que estão mudando de personalidade ao mudar também a fisionomia, de se preocuparem com algo considerado de “luxo” em meio a tempos tão difíceis, entre outros. Porém, isso não parece ter afastado os homens de buscar o procedimento na tentativa de atrasar um pouco o relógio do envelhecimento, pelo menos esteticamente.
Com a naturalidade obtida pelos transplantes capilares atuais, as técnicas mais recentes e bem desenvolvidas, fica quase impossível distinguir o resultado de uma boa cirurgia do cabelo “normal”, não transplantado. E o receio de não ser bem recebido na volta ao trabalho geralmente é substituído por uma discrição surpreendente ou um simples e recorrente comentário de “você parece mais jovem, só não sei o que é”, comumente escutado pelos pacientes após o resultado, o que traz não só satisfação, como alívio.
Márcio Crisóstomo é cirurgião plástico formado no Instituto Ivo Pitanguy, especialista em Transplante Capilar nos Estados Unidos pelo American Board of Hair Restoration Surgery, com pós-graduação em Surgical Leadership pela Harvard Medical School.
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