Nos últimos meses, muito se falou sobre as vacinas, sua eficiência e relevância para a saúde pública. É fato que muitas doenças já foram erradicadas graças ao cumprimento do calendário de imunização. O Brasil sempre foi um exemplo neste sentido.
No entanto, os índices de vacinação caíram nos últimos dois anos, por conta da pandemia. Estes dados são bastante preocupantes especialmente no caso da vacina contra o HPV (papilomavírus humano), responsável pelo desenvolvimento de diversos tipos de câncer, tanto nas mulheres quanto nos homens.
LEIA TAMBÉM: Escalada ao Kilimanjaro nos ensina a seguir em frente
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), dois tipos de HPV (16 e 18) causam 70% dos cânceres do colo do útero e lesões pré-cancerosas. Estes vírus também estão relacionados a tumores de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.
Por isso, é importante divulgar uma mensagem que ainda é desconhecida por boa parte da população: a vacinação pode reduzir a incidência do câncer de colo de útero e até erradicar a doença nas próximas gerações. Repito: com a vacinação, temos a possibilidade de acabar com um dos tumores mais letais para as mulheres, causa de mais de seis mil mortes anuais no Brasil.
Aqui no país, a imunização é oferecida gratuitamente no SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. O esquema vacinal completo é composto por duas doses, sendo a segunda, aplicada seis meses após a primeira.
Esta faixa etária é priorizada por ser a que apresenta melhores resultados pela grande produção de anticorpos e por ter sido menos exposta ao vírus por meio de relações sexuais. Para quem não tomou a vacina na adolescência, vale a pena conversar com um médico sobre as vantagens de fazer a imunização, em qualquer idade, mesmo com benefícios menores. Nestes casos, o efeito protetor da vacina pode diminuir, pois o imunizante não tem a capacidade de erradicar o vírus se a pessoa já o contraiu.
Vale lembrar que, além da vacina, as mulheres devem realizar, após o início da vida sexual, os exames ginecológicos de rotina, como o Papanicolau, para avaliar o aparecimento de lesões pré-malignas e, se for o caso, confirmar o diagnóstico precocemente, aumentando as chances de sucesso no tratamento.
Então, deixo um recado especial para mães, pais, familiares e responsáveis pelas meninas e meninos de nosso país: protejam as crianças hoje e não tenham preconceito em levar seus filhos para a vacinação. Dessa forma, vamos conseguir extinguir o câncer de colo de útero.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.