Na última semana, tive o prazer de coordenar a realização do XIII Congresso Internacional de Uro-Oncologia, um dos principais eventos mundiais sobre câncer de próstata, bexiga e rim.
Depois de dois anos de transmissão virtual, com toda segurança, pudemos receber um número reduzido de participantes presencialmente, além de centenas conferencistas online, que acompanharam as discussões com os convidados internacionais e os principais especialistas brasileiros sobre estas doenças que representam, anualmente, mais de 80 mil novos casos no Brasil.
Costumo dizer que o câncer de próstata é um dos tumores que mais tiveram avanços no tratamento nos últimos anos, garantindo melhor qualidade de vida e sobrevida para o paciente. Isso é muito importante, já que estamos falando o tipo de câncer mais incidente entre os homens brasileiros.
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São avanços que vão desde novos debates sobre o rastreamento da doença, até o entendimento da genética na decisão terapêutica, passando pela evolução dos tratamentos minimamente invasivos em curar tumores geniturinários, como o advento de cirurgia robótica e tratamento com congelamento (crioblação) e aquecimento (radiofrequência) do tumor e novos protocolos de radioterapia.
Este melhor entendimento da patologia, com a análise molecular, por exemplo, permite que cada 3 de dez casos de câncer de próstata diagnosticados não precisem de tratamentos imediatos. São tumores de desenvolvimento lento, cujo tratamento pode ser postergado ou evitado.
Os outros sete pacientes recebem tratamentos que melhoraram de modo muito importante, com efeitos colaterais, como a impotência e a incontinência, muito menores.
A medicina vem avançando no sentido de curar mais pessoas, com mais eficiência e menos sequelas. Em câncer de rim, por exemplo, as imunoterapias reforçam o sistema imune, com respostas duradouras e até cura, para casos que antes eram considerados incuráveis.
Temos melhorado o diagnóstico e o tratamento da doença localizada e temos conseguido resultados fantásticos para pacientes com a doença avançada, cujos prognósticos eram ruins. Mas acreditamos que a tecnologia só tem sentido quando pode ser utilizada por toda a população.
Por isso, é nosso desafio, também, debater como podemos fazer para que as inovações cheguem na ponta, para todos os pacientes com câncer, em todas as regiões de nosso país, tanto do sistema privado, quanto do SUS, para diminuir os números de casos e óbitos por estas doenças aqui no Brasil.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.