Pode parecer que uma coisa não tem a ver com a outra – “filosofia e negócios? tá bom.”, você pensa – mas eu prometo que tem. Para quem gosta dessa coluna e ainda não sabe, além de estar no mundo dos negócios há 12 anos, eu também sou pós-graduada em Filosofia.
Quando estava escolhendo meu curso de graduação, eu sabia, no fundo do coração, que queria fazer filosofia. Porém, acabei indo por caminhos que, aparentemente, teriam mais a ver com minha área de atuação: empreendedorismo e digital. Fiz então Mídias Sociais, mas não esqueci o sonho de estudar filosofia.
Estudo essa disciplina por conta própria desde os 14 anos. Quando minha filha nasceu, me deparei com a oportunidade de cursar uma pós-graduação online de filosofia na PUC. Resumindo: dois anos depois, pós concluída, eu posso afirmar que sim, a filosofia tem tudo a ver com negócios – e com todas as outras áreas da nossa vida.
“Ok”, você pensa. “Então, como essa história de quatro causas pode me ajudar?”
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Vamos lá. O conceito das quatro causas foi desenvolvido a partir dos 14 livros que compõe o que chamamos de Metafísica de Aristóteles. A ideia é: existem quatro causas para qualquer coisa existir. A causa material, a causa formal, a causa eficiente e a causa final. Elas podem ser entendidas como O QUE, COMO, QUEM e PORQUÊ.
Fiquei fascinada quando conheci esse conceito. Não apenas pela genialidade, mas porque ele pode ser aplicado a absolutamente tudo.
Para exemplificar, uma aplicação simples das quatro causas seria mais ou menos assim:
- Causa material (O QUÊ): madeira
- Causa formal (COMO): uma cadeira
- Causa eficiente (QUEM): o carpinteiro
- Causa final (PORQUE): para podermos nos sentar e descansar
Com isso entendido, preste atenção agora em como você pode aplicar isso no seu negócio, na sua comunicação ou em algum projeto específico.
Usamos a premissa das quatro causas em tudo que fazemos aqui. Do nosso pensamento na hora de criar um conteúdo novo, uma estratégia de lançamento ou até o rebranding da minha marca de roupas. Esse conceito nos guia para achar o caminho certo.
Quando falamos de negócios, independente do que você venda e qual seja o modelo do seu negócio, você pode (e deve) aplicar as quatro causas para ter mais clareza sobre a empresa como um todo.
Nessa aplicação, o conceito ficaria assim:
1. Causa material: O que a sua empresa faz? Ao compreender exatamente o que sua empresa faz, fica mais claro de entender como você pode melhorar aquilo que é feito, se há necessidade de mudar alguma coisa, ou como você pode melhorar as outras causas para melhorar essa daqui também. No caso da cadeira, se o material for ruim, ou seja, de baixa qualidade, provavelmente ela quebrará.
Exemplo: o IMATIZE, que é minha empresa de educação, oferece treinamentos que capacitam as pessoas a empreenderem no digital, desde produzir conteúdos até a parte de estrutura e modelo de negócio.
2. Causa formal: Como a sua empresa faz o que ela faz? O COMO você entrega o O QUE da sua empresa é a maneira como você se diferencia dos seus concorrentes de forma mais tática. No caso da cadeira: existem milhões de modelos por aí. Se você usar a melhor madeira do mundo, mas a forma for desconfortável, ninguém vai comprar.
Exemplo: nós treinamos as pessoas no IMATIZE através de cursos online (por enquanto), em formatos de vídeo aulas, aulas ao vivo, um time de atendimento e suporte incrivelmente bom e materiais complementares que são práticos e fornecem a estrutura para o aluno poder aplicar o conhecimento na hora.
3. Causa eficiente: Quem é responsável por sua empresa? No exemplo da cadeira, o carpinteiro é responsável por transformar a madeira em uma cadeira, e quanto melhor o carpinteiro, melhor, mais bonita e funcional será a cadeira. Mesmo que fosse a melhor madeira do mundo, se o carpinteiro fosse ruim, a cadeira ficará ruim também. Sua empresa é o resultado das pessoas que trabalham nela, incluindo você. Se capacite e estimule e viabilize para que os outros colaboradores se capacitem também – isso fará toda a diferença.
Exemplo: temos mais de 15 pessoas que atuam diretamente para o sucesso da empresa. Eu, como rosto principal, estou sempre estudando, lendo, fui atrás de pós, leio livros todos os dias, assim como estimulamos que todas as outras pessoas tenham oportunidade de se capacitar também em suas áreas.
4. Causa final: Por que sua empresa existe? Se a finalidade da cadeira é para as pessoas sentarem, então colocar uma cadeira no teto seria ruim, certo? Mas e se a finalidade dela fosse ser uma obra de arte provocativa? O PORQUÊ da sua empresa é, na verdade, a primeira coisa que precisa estar clara, para que todo o resto faça sentido. Por que você faz o que faz? Por que a sua empresa existe e porque alguém deveria se importar com isso?
Exemplo: o IMATIZE existe para desafiar o que nos disseram que não somos capazes de fazer, nos mostrar o que podemos e o que não podemos. Ele existe para ajudar as pessoas a realmente mudar de vida e transformar seus sonhos na sua própria realidade. Eu não tive orientação quando comecei a empreender, ou quando comecei a produzir conteúdo, e errei muito por causa disso… eu podia ter desistido simplesmente por não saber o que era o melhor a se fazer, além de me sentir sozinha durante grande parte da jornada. O IMATIZE é a forma de materializar o meu desejo de que ninguém tenha que passar por isso.
No caso de projetos pontuais, empresas de produtos ou na hora de produzir conteúdo, a lógica é a mesma. Eu gosto de construir as quatro causas na ordem inversa que mostrei para vocês: eu começo pela causa final e vou até a material, porque acredito que começar qualquer coisa, sem clareza do porquê se está fazendo aquilo, não é a melhor maneira. Eu começo pelo porquê (e indico aqui um livro maravilhoso do Simon Sinek que tem exatamente esse título), e, depois, tudo flui com mais facilidade.
E aí, o que você achou disso? Te ajudou? Espero que sim!
Te encontro na próxima sexta-feira. Beijo!
Isabela Matte tem 24 anos, é mãe, empreendedora desde os 12, escritora, pós graduada em Filosofia, influenciadora, palestrante, podcaster, Under 30 e educadora. Fundadora da marca Isabela Matte e da edtech de empreendedorismo digital IMATIZE.
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