Parece título de texto de relacionamento, eu sei, mas não é. Nesta semana tive uma noite de autógrafos do meu livro. Nessas ocasiões, tenho a oportunidade de conversar com várias pessoas diferentes, com questões diferentes. A grande maioria é de empreendedores. Conversei com muita gente que compartilha esse sentimento e quis falar sobre isso para, talvez, te ajudar também.
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Durante muito tempo fui a pessoa que acreditava que ser corajoso era dar conta de tudo. “Coragem é ser excelente em tudo, dar conta de tudo e não abrir mão de nada”, eu pensava. Até que, depois de alguns bons livros, algumas quedas e várias sessões de terapia, percebi que esse pensamento não só é equivocado, como é uma cortina de fumaça para minha impotência aprendida (aprendi essa no livro Essencialismo, que, inclusive, recomendo que todos vocês leiam).
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Nessa minha jornada de mais de 13 anos empreendendo, aprendi que coragem é abrir mão do que não faz sentido para o futuro que você deseja para si mesmo. Abrir mão do que é confortável, daquilo que está dando certo financeiramente, e se arriscar em uma jornada nova e imprevisível que condiz com o que VOCÊ quer. Coragem é desagradar os outros e agradar a si mesmo, é agir com base no próprio desejo e vontade, ao invés de seguir uma vida com base na expectativa dos outros sobre a sua própria vida.
Eu sempre fui a pessoa que fez o que precisava ser feito, sabe? Aquela que todos sempre puderam contar para tudo, a que raramente falava não, a que estava lá para resolver todos os problemas e encontrar soluções para situações que nem foi ela mesma que criou.
Eu me sacrifiquei em nome dos outros, abri mão do que eu queria para a minha vida para agradar e suprir as expectativas que tinham sobre mim. E nunca tive coragem de falar sobre isso com ninguém – até agora. Portanto, escrever uma coluna na Forbes, a maior revista de negócios do nosso país e do mundo, falando sobre esse assunto, é de uma coragem que nem eu sabia que tinha.
Quando empreendemos, temos a crença de que, se o negócio não durar para sempre, fracassamos. Criamos um apego irracional com o próprio negócio, como se ele fosse o responsável por ditar o nosso valor. Um negócio de sucesso = uma pessoa de sucesso. Isso é a mentira que você se conta para continuar na zona de conforto ao invés de encarar o medo de ser fiel a si mesmo.
Coragem não é continuar com um negócio que não faz sentido para construir o futuro que você tanto quer, e sim ser fiel a si mesmo.
O problema é que muita gente nem sabe o que quer, e talvez use esse pensamento como justificativa para largar projetos e negócios quando as coisas ficarem difíceis – em hipótese alguma estou falando isso. Para viver uma vida autêntica e ter negócios que estão alinhados com sua projeção ideal de futuro, é preciso, antes de tudo, saber o que VOCÊ quer para si mesmo.
A vida exige sacrifícios, esforço, sorte, estudo, trabalho, mas aprendi que o mais importante é direcionar cada coisa dessas para um objetivo claro. Sua energia é finita, e você só será realmente realizado com seu empreendimento quando tiver plena certeza que ele é o que você tanto deseja para si mesmo.
Resumo da ópera: coragem é ficar e coragem também é abrir mão. Ou melhor, coragem é se manter fiel a si mesmo, e se recusar a deixar os outros escolherem sua vida por você.
Para isso, existe um caminho, e ele se parece mais ou menos com isso aqui:
- Jornada de autoconhecimento: se perguntar o que você quer, no que você é bom, qual é a maior contribuição que você pode oferecer ao mundo e a si mesmo.
- Decidir sua maior prioridade, o caminho que você quer seguir: a partir disso, é mais importante saber quais NÃOS você dará, do que para o que dirá sim.
- Não perder o objetivo de vista: distrações surgirão e você ficará tentado a aceitá-las. Porém, cada sim que você disser que não seja claramente rumo ao seu objetivo, estará distanciando você do seu destino.
- Ser corajoso: abrir mão ou ficar serão escolhas claras, desde que você seja fiel a si mesmo. Você terá que enfrentar inúmeros desafios na jornada. Ser corajoso é enfrentá-los com a cabeça erguida, desde que você tenha clareza que são desafios necessários para o caminho que você mesmo escolheu para sua vida.
Por muito tempo, mascarei minha covardia com uma aparente “coragem”, mas a conta chegou. Fui forçada a entrar na jornada que expliquei para vocês, e depois nada mais foi como era. Aprendi muito sobre mim, sobre o que quero para minha vida e sobre empreender. Aprendi que todo ganho implica em uma perda, e que a ideia de “dar conta de tudo” é uma mentira que contamos a nós mesmos.
Desejo que você seja um empreendedor e uma pessoa de coragem, e que você saiba que o caminho da coragem não é o mais fácil, mas é o melhor de todos.
Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, escritora, mentora e influenciadora. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos. Foi reconhecida no ranking Forbes Under 30 em 2018 e é pós graduada em Filosofia. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte, do IMATIZE e autora do livro O Jovem Digital.
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