Golpes financeiros: informações essenciais para proteger seu patrimônio

Os golpes financeiros fazem parte da história do mundo desde sempre, mas com a tecnologia avançando de forma exponencial, as estratégias vão ficando cada vez mais sofisticadas, proliferam globalmente e fazem milhares de vítimas todos os dias.

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Ocorre, entretanto, que mesmo ante à complexidade das estratégias, há alguns padrões facilmente identificáveis e se você souber quais são, pode escapar facilmente.

Identificando padrões e reduzindo riscos

A primeira coisa que você precisa saber é que não existe mágica nem dinheiro fácil. As promessas “imperdíveis” que bombardeiam diariamente as redes sociais e os emails são elaboradas por estelionatários profissionais. Eles sabem o quanto a promessa de riqueza rápida mexe com as emoções e com os sonhos das pessoas. Assim como também sabem que, quanto maior o nível de endividamento, mais suscetível uma pessoa estará a acreditar em “milagres financeiros”.

1. Promessas irreais

Investimentos que prometem retornos exorbitantes em curtos períodos, fora dos padrões de mercado, são frequentemente indício de golpes. Desconfiança é a chave quando algo parece ser bom demais para ser verdade.

2. Esquemas de pirâmide

Se te oferecem um “investimento” em que você precisa convidar outras pessoas, geralmente é um esquema de pirâmide. Mesmo que o convite venha de uma fonte conhecida, é importante estar ciente de que esses esquemas estão fadados ao colapso, prejudicando quem estiver dentro.Além do mais, pirâmide financeira é crime previsto na Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro.

3. Pressão para decisões imediatas

Golpistas muitas vezes pressionam por decisões rápidas, explorando a aversão das pessoas à perda de oportunidades. Investir requer tempo para análise e pesquisa; decisões apressadas aumentam os riscos.

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Nenhum investimento legalizado irá exigir de você que decida sem ler os prospectos do material e compreender as regras do produto. Ao contrário disso, você será estimulado a fazê-lo e, em alguns casos, precisará inclusive assinar termos de ciência quanto às regras e riscos.

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Qualquer investimento que não tiver um prospecto detalhado com regulamento, número de autorização e de registro junto ao Sistema Financeiro Nacional, CNPJ da empresa e nome dos responsáveis legais, deve despertar sua suspeita.

Premissas de influência usadas por golpistas

A maioria dos estelionatários que atuam com golpes no mercado financeiro são pessoas inteligentes, que estudam o comportamento humano e fazem do mundo seu laboratório, desenvolvendo técnicas de influência baseadas em muita psicologia.

1. Prova social: golpistas exploram o desejo humano de seguir comportamentos percebidos como corretos. Testemunhos fictícios feitos por centenas de pessoas normalmente contratadas e pagas por esse “trabalho” servem para validar o negócio. Acreditar no que desejamos ouvir pode levar à aceitação de propostas enganosas.
2. Autoridade: as pessoas tendem a concordar com aqueles que são vistos como autoridades em determinado assunto. Golpistas normalmente se apresentam como especialistas, bem sucedidos e muito ocupados, e que precisam que você tome logo uma decisão e mostre que valoriza a oportunidade que “generosamente” está sendo oferecida a você por alguém que “nem precisaria estar fazendo isso”.
3. Escassez: criar a percepção de escassez torna uma oferta mais desejada. Os fraudadores frequentemente apresentam oportunidades como exclusivas e restritas, despertando a vaidade e, sobretudo, o interesse das vítimas.

Pesquisa CVM aponta: pirâmides estão mais vivas do que nunca

A CVM divulgou recentemente uma pesquisa reveladora sobre as vítimas de pirâmides financeiras. De acordo com o estudo, aqueles que caem em esquemas irregulares têm maior propensão a reinvestir em novos esquemas de alto risco. Essa informação destaca a importância da educação financeira contínua.

Apesar da ampla divulgação que se faz sobre a falácia desses esquemas, os fraudadores são hábeis em manipular as emoções, desejos e necessidades humanas. Além disso, eles sabem que a maioria das pessoas subestimam riscos quando expostas a algo que lhes pareça uma grande oportunidade.

Como se proteger de golpes financeiros

Você pode evitar cair em armadilhas facilmente, e o primeiro passo é se conscientizar de que ninguém irá oferecer dinheiro fácil que seja lícito. Isso não existe!

1. Desconfie de oportunidades exageradamente vantajosas

Mantenha uma abordagem cética em relação a investimentos que parecem ser grandes demais. A prevenção é sempre preferível à correção.

2. Verifique as credenciais profissionais de quem o aborda

A regulamentação do mercado financeiro brasileiro oferece proteção substancial. Certifique-se de investir apenas com instituições e profissionais certificados e registrados na CVM, ANBIMA, Banco Central ou ANCORD.

É possível checar as credenciais dos agentes do sistema financeiro nos sites das instituições que citei. Além disso, se o profissional que o estiver abordando for realmente sério, ele não irá se opor a apresentar seus registros.

Qualquer pessoa que lhe disser que não pode fornecer credenciais porque está em fase de liberação de documentos, ou que coloque a culpa em quaisquer burocracias, está tentando te enganar, pois sem o devido credenciamento, ninguém pode atuar.

3. Busque recomendações financeiras de profissionais credenciados

Lembre-se sempre que recomendações de investimento só podem ser feitas por profissionais devidamente credenciados e fiscalizados pela CVM:

• Analistas CNPI certificados pela APIMEC (Associação de Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais)
• Agentes Autônomos de Investimento credenciados pela ANCORD
• Consultores Financeiros Credenciados pela CVM

Você iria a um médico sem CRM ou encomendaria um prédio a um engenheiro sem registro no CREA? Tenho certeza que não. Então, porque confiaria o seu dinheiro a alguém não credenciado?

4. Acompanhe os noticiários

Acompanhe regularmente o noticiário econômico. Informações atualizadas e uma carteira de investimentos bem planejada são fundamentais para tomar decisões que estejam alinhadas à sua realidade e aos objetivos traçados.

Você não é mais esperto que um golpista

Algo bastante comum ao ouvirmos os relatos de golpes financeiros, é reagirmos de forma jocosa: “mas tava na cara, como a pessoa pôde acreditar nisso”. Este é mais um viés comportamental muito conhecido ao qual não atentamos: o viés do retrovisor.

O viés do retrovisor nos leva a explicar eventos passados como se fossem previsíveis, mas não levamos em conta que só os estamos analisando depois que passaram, quando temos à disposição um volume muito maior de informações do que tinham as pessoas nos momentos anteriores ao acontecimento.

Nunca superestime sua inteligência e esperteza. Desconfie de sua perspicácia e saiba que sempre há o risco de sua mente estar sendo influenciada por algum viés psicológico.

Quando você assume isso, sua atenção fica redobrada e, sabendo dos padrões, princípios psicológicos explorados pelos golpistas, será possível evitar cair nas armadilhas do dinheiro fácil. Lembre-se, a informação e educação financeira são suas melhores defesas contra os golpes financeiros.

 

Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.

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