Um novo estudo publicado pela Psychophysiology sugere que a duração dos nossos batimentos cardíacos afeta nossa percepção do tempo.
Estudos anteriores sobre o assunto eram centrados em como nossos comportamentos e emoções podem fazer com que o tempo pareça passar “mais rápido” ou “mais devagar”. Por exemplo, uma revisão de 2022 publicada na Frontiers in Psychology concluiu que quando estamos nos aproximando de algum tipo de resultado – como uma meta, recompensa ou punição – o tempo parece voar, independentemente de nos sentirmos bem ou mal com o resultado. Por outro lado, quando evitamos algo que nos traz emoções negativas, como uma ameaça ou um castigo, o tempo parece se arrastar.
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Getty Images #1. Desacelerar ajuda a tomar decisões melhores
Ao desacelerar, conseguimos evitar a fadiga de decisão, que acontece quando nossa capacidade de tomar decisões é esgotada devido ao grande número de decisões que já tomamos.
As pressões do mundo acelerado exigem que tomemos várias decisões, mas, quando desaceleramos conscientemente e reservamos um tempo para, por exemplo, fazer uma caminhada à noite em um parque, oferecemos a nós mesmos a oportunidade de recarregar e tomar decisões mais sábias.
Pesquisas comprovam essa ideia. Um estudo de 2011 publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que juízes responsáveis por conceder liberdade condicional, que tomam decisões racionais baseadas nos fatos apresentados a eles, foram mais lenientes durante a parte inicial do dia em comparação com a parte final do dia, indicando que a tomada de decisões muitas vezes é influenciada por fatores externos. O estudo concluiu que foi a fadiga de decisão que levou os juízes a se mostrarem menos lenientes à medida que o dia avançava.
Todos nós tomamos várias decisões ao longo do dia. Essas decisões consomem energia cerebral, que é um recurso finito. Dedicar tempo a não fazer nada significa que, temporariamente, você não estará encarregado de tomar decisões de alto risco. Essas “economias de decisões” podem então ser usadas para tomar decisões melhores e de maior qualidade quando a situação exigir.
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Getty Images #2. Dar tempo para o cérebro relaxar ajuda a melhorar seu desempenho
Um estudo de 2020 mostra que a tecnologia está causando o aumento dos sintomas semelhantes ao TDAH em nós e impactando negativamente nossa capacidade de entender uns aos outros emocional e socialmente.
Um estudo de 2012 publicado no periódico Frontiers of Human Neuroscience descobriu que pessoas que praticam meditação há muito tempo tiveram um desempenho melhor em um teste de atenção espacial do que aquelas que nunca meditaram, que é uma tarefa de processamento de informações. Da mesma forma, um estudo separado publicado no periódico Cognitive Therapy and Research investigou os efeitos de um curso intensivo de treinamento em atenção plena (mindfulness) de 10 dias no controle atencional, estilo cognitivo e bem-estar emocional. Os resultados revelaram que os participantes sem experiência prévia em meditação apresentaram melhorias significativas na atenção e redução de atitudes disfuncionais, além de aumento de afeto positivo e autocompaixão.
Essas descobertas enfatizam a importância de adotar um ritmo de vida mais lento e integrar práticas de mindfulness, especialmente no contexto de um estilo de vida digital, destacando os impactos positivos que elas podem ter na atenção, autorreflexão e bem-estar mental geral.
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Getty Images Conclusão
Em um mundo que exige velocidade e conexão constantes, é essencial reconhecer o valor de desacelerar e nos permitir fazer pausas. Ao diminuir nosso ritmo intencionalmente, podemos combater a fadiga de decisão, tomar melhores decisões e otimizar nossas habilidades cognitivas. Além disso, incorporar práticas de mindfulness no dia a dia pode contribuir para uma atenção melhorada, bem-estar emocional e autocompaixão.
#1. Desacelerar ajuda a tomar decisões melhores
Ao desacelerar, conseguimos evitar a fadiga de decisão, que acontece quando nossa capacidade de tomar decisões é esgotada devido ao grande número de decisões que já tomamos.
As pressões do mundo acelerado exigem que tomemos várias decisões, mas, quando desaceleramos conscientemente e reservamos um tempo para, por exemplo, fazer uma caminhada à noite em um parque, oferecemos a nós mesmos a oportunidade de recarregar e tomar decisões mais sábias.
Pesquisas comprovam essa ideia. Um estudo de 2011 publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu que juízes responsáveis por conceder liberdade condicional, que tomam decisões racionais baseadas nos fatos apresentados a eles, foram mais lenientes durante a parte inicial do dia em comparação com a parte final do dia, indicando que a tomada de decisões muitas vezes é influenciada por fatores externos. O estudo concluiu que foi a fadiga de decisão que levou os juízes a se mostrarem menos lenientes à medida que o dia avançava.
Todos nós tomamos várias decisões ao longo do dia. Essas decisões consomem energia cerebral, que é um recurso finito. Dedicar tempo a não fazer nada significa que, temporariamente, você não estará encarregado de tomar decisões de alto risco. Essas “economias de decisões” podem então ser usadas para tomar decisões melhores e de maior qualidade quando a situação exigir.
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Embora esses estudos expliquem como nos lembramos do tempo que já passou, eles não nos dão uma compreensão do que significa vivenciar o tempo no presente. Também não explica como nossa percepção do tempo é uma complexa interação de psicologia e fisiologia.
No estudo recente, conduzido na Cornell University, os pesquisadores tinham uma questão central: a variabilidade em nossos batimentos cardíacos explica as diferenças na percepção do tempo?
Mesmo o batimento cardíaco humano mais preciso varia em comprimento. Cada batimento cardíaco consecutivo será ligeiramente mais longo ou mais curto em comparação com o anterior. O que isso pode significar para a percepção instintiva dos humanos sobre o tempo?
Para responder a essa pergunta, os pesquisadores conduziram um experimento baseado em eletrocardiograma em 45 participantes com idades entre 18 e 21 anos. O eletrocardiograma mediu com precisão a duração de cada batimento cardíaco e também levou em consideração os espaços entre eles. A máquina também era conectada a um computador que emitia um bipe curto (com duração de cerca de 80 a 188 milissegundos) cada vez que o coração de um participante batia. Cada participante foi, então, perguntado sobre quanto tempo cada bipe pareceu durar, e suas respostas e frequência cardíaca foram analisadas.
Os resultados? O estudo descobriu que quando os participantes tinham batimentos cardíacos mais curtos, eles achavam que o bipe durava mais do que realmente durava. Mas, quando eles tiveram um batimento cardíaco longo, eles pensaram que o som do bipe era mais curto do que realmente era. Os pesquisadores chamam esse fenômeno de “rugas temporais”.
O estudo também explorou o papel que o cérebro desempenhou na regulação dos batimentos cardíacos dos participantes. Os dados mostraram que uma vez que um participante ouviu um bipe, seu cérebro teve que se “reorientar” para atender ao som. Essa resposta influenciou seus batimentos cardíacos e, portanto, também sua percepção do tempo.
Essas descobertas lançam luz sobre como nossa percepção do tempo provavelmente está sempre oscilando e está, pelo menos em parte, ligada ao funcionamento do nosso coração. Esse conhecimento pode se mostrar útil à medida que aprendemos a combinar fisiologia e psicologia para melhorar o gerenciamento de condições de saúde mental, como depressão e TDAH, que são conhecidas por alterar a forma como as pessoas percebem o tempo.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.