
Os três cofundadores da startup de computação em nuvem CoreWeave — Michael Intrator, Brian Venturo e Brannin McBee — e o membro do conselho Jack Cogen agora são bilionários, segundo estimativas da Forbes. A afirmação é feita com base nas informações reveladas sobre suas participações e vendas no mercado privado no prospecto de oferta pública inicial da empresa, arquivado na segunda-feira.
O CEO Intrator, o diretor de estratégia Venturo e o diretor de desenvolvimento McBee possuem, respectivamente, 15%, 9% e 7% das ações da CoreWeave, enquanto Cogen detém 5%. A CoreWeave ainda não definiu o preço de suas ações para a oferta pública, mas com base em uma venda privada realizada em outubro, que avaliou a empresa em cerca de US$ 20 bilhões (R$ 116 bilhões), os quatro detêm participações que valem mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,8 bilhões) cada. Além disso, eles já lucraram mais do que a maioria dos fundadores antes de um IPO: os três cofundadores e Cogen venderam, cada um, mais de US$ 150 milhões (R$ 870 milhões) em ações da CoreWeave (antes de impostos) por meio de negociações privadas em 2023 e 2024.
Segundo estimativas da Forbes, Intrator agora tem um patrimônio de US$ 3,1 bilhões (R$ 17,98 bilhões), Venturo de US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões), McBee de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,7 bilhões) e Cogen de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,96 bilhões). A CoreWeave não respondeu a um pedido de comentário.
Os cofundadores da CoreWeave não imaginavam que criariam uma empresa na linha de frente do boom da inteligência artificial. Em 2017, os três, que então trabalhavam como traders de commodities, acumularam um estoque de chips da Nvidia para minerar criptomoedas com sua nova empresa, a Atlantic Crypto. Dois anos depois, eles a renomearam para CoreWeave e mudaram o modelo de negócios para a construção de data centers e a venda de poder computacional para empresas que não tinham servidores de GPU suficientes — sistemas de armazenamento compostos por circuitos eletrônicos chamados Unidades de Processamento Gráfico.
Quando a OpenAI lançou o ChatGPT em 2022 e desencadeou uma verdadeira revolução da IA, os clientes da CoreWeave passaram a ser, cada vez mais, empresas desse setor. Agora, segundo o novo documento da empresa, seus principais clientes incluem Microsoft, IBM, Meta, Nvidia e os laboratórios de inteligência artificial bilionários Cohere e Mistral.
“O que fizemos foi dizer: ‘Ei, há uma nova e emergente forma de uso da computação no futuro’”, disse Intrator à Forbes em 2024. “‘O que essas empresas vão precisar para serem o mais bem-sucedidas possível?’”
Com a crescente demanda por GPUs, a CoreWeave se encontrou no lugar certo na hora certa. Como resultado de várias rodadas de investimentos, sua avaliação saltou de US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões) em maio de 2023 para US$ 19 bilhões (R$ 110,2 bilhões) em maio de 2024 — e, segundo a Reuters, pode buscar uma avaliação de US$ 35 bilhões (R$ 203 bilhões) ou mais quando abrir capital. A receita também disparou, passando de US$ 230 milhões (R$ 1,33 bilhão) em 2023 para US$ 1,92 bilhão (R$ 11,14 bilhões) em 2024, de acordo com o prospecto do IPO. Mas os prejuízos líquidos também cresceram quase 50%, chegando a US$ 860 milhões (R$ 4,99 bilhões) em 2024. Construir data centers é caro, e a CoreWeave já conta com 32 deles operando mais de 250.000 GPUs no final de 2024.
Os cofundadores da CoreWeave se tornaram bilionários, em parte, por causa da enorme valorização da empresa, que pode torná-la uma das maiores estreias na bolsa desde a desaceleração do mercado de capitais em 2022. Mas eles também conseguiram manter uma parte significativa das ações da empresa porque não levantaram tanto financiamento via venda de participação acionária como normalmente fazem startups de tecnologia apoiadas por capital de risco. Segundo o documento do IPO, a CoreWeave arrecadou US$ 14,5 bilhões (R$ 84,1 bilhões) ao longo de 12 rodadas de financiamento — mas mais de dois terços desse valor vieram de dívidas. A rodada mais recente, por exemplo, foi um financiamento de US$ 7,6 bilhões (R$ 44 bilhões) liderado pelas gestoras de ativos Magnetar, principal e maior investidora inicial da CoreWeave, e Blackstone. Segundo o documento do IPO, essa foi “uma das maiores captações privadas de dívida da história”.
Outro investidor de destaque na CoreWeave é Les Wexner, o bilionário fundador da Victoria’s Secret, que deixou sua empresa, a L Brands, em 2020, em meio a investigações sobre seus laços com o condenado por crimes sexuais Jeffrey Epstein. Wexner também teve um papel crucial em um dos maiores projetos de semicondutores da história. Atualmente, ele detém uma participação de 4,4% na CoreWeave por meio do Linden West Trust, um fundo criado para seus descendentes.
A CoreWeave enfrenta concorrentes de peso, especialmente os gigantes da computação em nuvem, como o Azure, da Microsoft, e o AWS, da Amazon. O futuro da empresa também depende fortemente de um único cliente: em 2024, mais de 60% de sua receita veio da Microsoft, que tem contado com a CoreWeave para suprir sua própria dificuldade em obter capacidade suficiente de GPU para seus clientes. Embora a Microsoft planeje gastar US$ 10 bilhões (R$ 58 bilhões) em servidores da CoreWeave até 2030, segundo o site The Information, o CEO da empresa, Satya Nadella, afirmou no podcast BG2, em dezembro, que fontes externas de poder de processamento e armazenamento, como a CoreWeave, são apenas uma solução temporária. Enquanto isso, o Azure está trabalhando para “se equiparar à demanda”, acrescentou.