A pandemia de Covid-19 impactou todos os setores da economia, mas a nem todos eles de maneira negativa. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta semana pela IBM nos Estados Unidos, que aponta os principais destaques da indústria do varejo do país no que diz respeito às mudanças provocadas pela pandemia nos últimos meses, e ainda faz previsões para o restante do ano. O varejo online, por exemplo, acabou beneficiado com as dificuldades relacionadas à execução de compras presenciais por conta do distanciamento social. A estimativa é que ele cresça 20% em 2020.
Consumidores começaram a fazer compras via e-commerce em maior número e frequência. De acordo com os cálculos trazidos à tona pelo estudo, a evolução para o varejo virtual foi equivalente a um progresso de cinco anos. É claro que, em alguma medida, essa migração dos gastos das pessoas do varejo físico para o virtual já vinha ocorrendo. No entanto, o que o relatório buscou estabelecer foi em que nível essa mudança já aconteceria de qualquer maneira e em que medida foi impulsionada direta e artificialmente pela crise sanitária mundial.
Outra consequência da pandemia foi auxiliar o consumidor a definir quais as categorias de bens consideram essenciais. As roupas e utensílios da moda, por exemplo, aos poucos vêm perdendo relativamente a sua importância para as pessoas. Estes produtos foram muito influenciadas, obviamente, pelo tempo cada vez maior que todos nós temos passado dentro de casa, seja para estudar, trabalhar ou mesmo por conta das medidas restritivas governamentais expostas.
Como resultado direto, segundo o estudo da IBM, as lojas de departamentos norte-americanas e demais varejistas, que comercializam produtos considerados “não essenciais”, caíram significativamente no primeiro semestre do ano: 25%. Já no segundo trimestre de 2020, quando as medidas restritivas para trabalho e estudo começaram a ser impostas, as vendas despencaram de vez: 75% de redução.
O relatório indica ainda que, no acumulado do ano, a diminuição no desempenho das lojas que comercializam esta categoria de produtos, deve ser de 60%. Por outro lado, outras categorias, incluindo alimentos, álcool e materiais de construção, cresceram mesmo no varejo offline, 12%, 16% e 14%, respectivamente.
Sou do varejo físico: e agora?
Para quem atua no varejo offline, nada de se desesperar com as quedas generalizadas. O relatório levanta possíveis caminhos, sendo que, praticamente todos eles se relacionam de alguma forma com o omnichannel, que é o conceito que ilustra uma multicanalidade complementar e fluída, algo muito debatido em todos os grandes eventos do varejo, mas ainda pouco colocados em prática diariamente no chão de loja, mesmo na maior economia do mundo, o que dirá em mercados menos maduros do ponto de vista tecnológico, como é o caso do Brasil.
Portanto, utilizar recursos para que suas operações se aproximem deste novo cenário é essencial para que os varejistas físicos de qualquer lugar do mundo permaneçam competitivos na nova realidade que se impôs. Uma possibilidade, passível de ser colocada em prática por qualquer varejista que possua um site, é tentar gerar tráfego através de campanhas e anúncios na web para suas próprias lojas virtuais ou, de forma ainda mais estratégica, também fazer o movimento inverso, incentivando a comprar pelo site e retirar na loja física, tática conhecida como “pick-up store”.
Os grandes varejistas são os que têm obtido maior avanço nesta seara, mas a dica vale para todos: o momento é de se adaptar para evoluir. Por conta de seu poderio econômico, dois exemplos bastante expressivos neste sentido são Walmart e Target, não por acaso os dois maiores varejistas dos Estados Unidos, respectivamente. Ambos relataram ganhos astronômicos no último mês, graças ao direcionamento de seus investimentos ao comércio eletrônico.
No caso do Walmart especificamente, a pandemia ajudou a impulsionar as vendas do e-commerce em 97% nos últimos três meses. Já a Target estabeleceu um novo recorde de atendimento aos clientes, com um crescimento no número de entregas diárias, as chamadas “same-day service”, de 273% no trimestre. Maior varejista online do mundo, a Amazon naturalmente também tinha que estar entre os destaques. Ela também se beneficiou da transposição da economia do varejo físico para o digital, e registrou lucro trimestral recorde e crescimento de 40% nas vendas.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinekdIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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