Quando as pessoas abordam o tema ‘neutralidade’ atualmente, geralmente estão se referindo a emissões de carbono, à rede de internet (o fim da neutralidade das redes) ou às relações internacionais. O que pouca gente se dá conta é que ser neutro também é uma mentalidade que pode ser aprendida e se tornar um comportamento extremamente funcional para o mundo corporativo.
A maioria das pessoas tem bem claro que uma mentalidade essencialmente negativa pode carregar consequências terríveis, mas poucos líderes e empresários entendem que uma mentalidade eminentemente positiva também pode acarretar problemas. Em meio ao caos ou em situações de muita pressão, agir de maneira excessivamente positiva fará o líder soar falso perante seus colaboradores, conforme alerta em artigo de Sebastian Stone, editor e principal autor do portal “PolisPandit”, dos Estados Unidos.
Em momentos de efervescência e polêmica, vale mais a pena adotar uma postura mais verdadeira e realista do que fingir que está tudo correndo às mil maravilhas, que as coisas estão melhor do que parecem. Além de correr o risco de não convencer ninguém, este tipo de comportamento pode pegar mal e enfurecer a opinião pública, ainda mais nos dias de hoje, onde qualquer comportamento pode ser irradiado via redes sociais e ganhar uma publicidade absurda.
Para se precaver de problemas como este, incorpore o neutro. Sempre. Uma mentalidade neutra, conforme Stone menciona, é aquela que é capaz de focar no próximo objetivo. Independentemente da profissão ou do segmento de negócios, ao se concentrar no próximo objetivo, você pode alcançar e manter uma mentalidade neutra.
Acredito que todos os CEOs e executivos de alto desempenho precisam dispor dessa capacidade. Quer se trate de uma reunião tensa, de uma apresentação importante ou um prazo que está estourando, as pessoas que atendem ou superam as expectativas são aquelas com foco naquela tarefa em questão e também na próxima missão.
Eles constantemente se perguntam – o que posso fazer a seguir para atingir esse objetivo? Essa questão mental surge independentemente de ter sido ou não bem sucedido na anterior. Essas pessoas continuam se movendo adiante. Por exemplo, se um argumento de venda der errado no início, pode ser fácil abdicar de prosseguir e desistir. Isto seria uma mentalidade negativa.
Por outro lado, se você fizer de conta que está tendo um bom desempenho e agir de maneira absolutamente confiante, pode dar uma impressão de arrogância. Este seria um comportamento excessivamente positivo. Mas com o timing errado.
Ao mudar para o neutro e focar simplesmente em alcançar o próximo objetivo, no entanto, não apenas você teria a chance de se recuperar, como também expressar sua coragem perseverando no discurso de vendas.
Transportando o caso para a esfera esportiva, Stone cita o jogador da NFL Russell Wilson, que sempre mira em um ou dois pontos espalhados pela arquibancada do estádio que o fazem se concentrar.
E Wilson encontra esses pontos independentemente de quanto está o jogo e de como está sendo sua performance naquela partida em si. Com essa visão, ele é capaz de enxergar a verdade. Ele pode estar no pior dia. Ou no melhor. Mas seu olhar foca no futuro, não se lastima pelo erro recente, nem se vangloria pela conquista de agora há pouco: o que importa é o próximo lance.
O esportista falou sobre isso no podcast de Bill Simmons e aplicou a situação não apenas ao futebol e aos negócios, como também à vida. Para Wilson, esta pode ser também uma boa forma de encarar uma doença grave. Ou a falência da sua pequena empresa. Ou uma demissão de seu emprego dos sonhos.
Wilson deu mais que uma entrevista: deu um verdadeiro seminário sobre a importância de se adotar uma mentalidade neutra, que permite que ele se concentre no próximo objetivo.
Mas isso não quer dizer, de forma nenhuma, que você não possa aproveitar seus momentos de glória. Na verdade, uma mentalidade neutra até incentiva a emoção por meio da percepção sensorial intensa do presente. O que ela evita é a resposta excessivamente emocional, seja positiva ou negativa: é usar a emoção racional, evitando consequências emotivas.
Todos nós gostamos de comemorar nossas vitórias. A celebração e a reflexão são importantes para manter o equilíbrio e a sanidade mental. O que não é benéfico é quando vira euforia e esse sentimento interfere no planejamento e execução dos próximos passos.
Seja você um líder, CEO, um microempreendedor, um grande empresário ou um intraempreendedor (aquele que é hábil em empreender esforços e evoluir dentro de uma organização), incorporar uma mentalidade neutra e focar sempre no próximo objetivo o ajudará a adotar uma postura sóbria e equilibrada, tanto para reagir aos fracassos, quanto para celebrar as grandes conquistas.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinekdIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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