A pandemia de Covid-19 desafiou de maneira ímpar os empreendedores e executivos de grandes companhias de todo o planeta, e gerou outra consequência negativa para o mundo dos negócios: está espantando os jovens, que integram a próxima geração de líderes empresariais, cujo desejo de abrir um empreendimento próprio tem caído consideravelmente. É o que mostra matéria de Anna Meyer, editora-assistente da “Revista Inc”.
A Junior Achievement é uma instituição sem fins lucrativos com atuação em 120 países e que se dedica à capacitação executiva. Com sede na cidade de Colorado Springs, no Estado do Colorado, a organização atende anualmente a 4,8 milhões de alunos, por meio de voluntários que ensinam habilidades financeiras, lições econômicas e técnicas de empreendedorismo.
Pesquisa recente da entidade revela que 22% dos adolescentes afirmaram estar menos propensos a cogitar a abertura de um empreendimento próprio quando chegarem à idade adulta devido ao impacto da Covid-19 nos pequenos negócios. Para constituir a pesquisa, a Junior Achievement entrevistou mil adolescentes com idades entre 13 e 17 anos no final de outubro.
Jack E. Kosakowski, CEO da Junior Achievement dos Estados Unidos, comenta que a pandemia tem apavorado os pré-adolescentes e jovens. Eles estão testemunhando a falência de estabelecimentos de todos os tipos: a loja familiar, aquele empreendimento de rua, restaurantes, supermercados. E pior: estão se dando conta de que estes negócios não têm perspectiva de reabrir depois que a pandemia passar.
Embora haja uma parcela de jovens que declarem continuar motivados para iniciar um projeto empreendedor, essa vivência em suas comunidades locais está causando um impacto duradouro na maioria deles. No entanto, Kosakowski tenta se manter otimista. E para ajudar os jovens a, da mesma forma, adotarem uma postura resiliente e mais positiva em relação a abrir um negócio próprio, o especialista compartilhou o que nós, velhos de guerra no empreendedorismo, podemos fazer para animá-los.
1. Dar o exemplo
Quase um terço dos adolescentes entrevistados relataram que, para considerarem a ideia de empresariar, seria importante ter um modelo de negócios no qual se basear. Na juventude, se conhecem apenas as atividades profissionais que estão em seu entorno, o que seus pais, parentes ou pais dos seus amigos fazem para viver. Kosakowski comenta que o simples compartilhamento de sua história como fundador é capaz de despertar a curiosidade no jovem. Os adolescentes até sabem que existem estas pequenas empresas, mas não percebem que há uma pessoa de carne e osso por trás delas.
2. Expressar de forma palpável
Para a maioria dos adolescentes, diz Kosakowski, os empresários locais são muito mais inspiradores do que um empreendedor com aura de celebridade, como um Elon Musk ou um Jeff Bezos, que muitas vezes são colocados em pedestais e vivem vidas muito diferentes das dos jovens. A maioria das crianças se anima mais quando alguém de sua própria comunidade compartilha sua história. Torna-se mais inspirador porque eles podem realmente falar com aquela pessoa, então gera empatia. Para quem desejar ajudar neste sentido, Kosakowski sugere ser voluntário e falar para uma sala de aula de uma escola próxima – mesmo que seja uma aula virtual via Zoom ou outro programa de teleconferência – ou procurar organizações locais que propiciem esse tipo de atividade para os jovens.
3. Manter o otimismo
Kosakowski acredita – e eu também – que, embora os resultados da pesquisa sejam reveladores e até certo tenha uma valência negativa, eles podem ser remodelados através de uma orientação assertiva. Ainda há salvação! As crianças são resilientes e, quando se tornarem adultos, provavelmente serão mais resistentes do que todos nós juntos. Portanto, quando as coisas voltarem ao normal, temos muita esperança de que os novos líderes comecem a ver o empreendedorismo como uma opção viável novamente.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinekdIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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