Há um imperativo empresarial global, 2021 é o ano que trará novas oportunidades para as empresas trabalharem com governos e indivíduos, e juntos arregaçar as mangas para reconstruir e criar um futuro mais justo e sustentável para todos.
Estima-se que 90% dos consumidores no mundo aguardam um novo posicionamento das corporações direcionando os seus negócios de acordo com um conjunto de valores mais elevados do que apenas o retorno para os acionistas. As lideranças empresarias precisam incorporar impactos ambientais, sociais e de governança (ESG) em sua cultura, estratégia e missão.
A revolução do impacto superou a velocidade projetada, basta destacar que 90% dos ativos na S&P 500 agora produzem relatórios ESG. Os recentes relatórios da Morgan Stanley declaram que ESG definirá a próxima década de investimento.
Agora, mais do que nunca, os CEOs não precisam mais escolher entre fazer bem e fazer o bem. O ESG deve ser tratado como uma vantagem comparativa em um mercado competitivo, e o setor privado deve permanecer comprometido com a inovação, bem como com a transparência neste espaço. Deve haver responsabilidade e métricas padronizadas, caso contrário, o grito de guerra para ESG se tornará uma crítica ao greenwashing.
À medida que o ESG ganha destaque, os líderes devem encontrar maneiras de garantir que as medidas de impacto continuem a crescer e evoluir com as necessidades em constante mudança. Sugere-se uma análise continuada de 3 desafios a serem incorporados:
● Interdependência: Líderes comprometidos com ESG devem desenvolver suas estratégias de impacto com a interdependência em mente. O sucesso de cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU – metas como erradicar a pobreza ou criar economias mais justas – está vinculado. A pobreza não pode ser enfrentada sem combater a fome; a igualdade de gênero é parte integrante da reforma educacional. As empresas não podem isolar seus desafios.
● Parceria: Esse crescimento e mudança só são possíveis por meio de colaboração e cooperação, quando todos trabalham uns com os outros.
● Métrica: Em última análise, esses desafios não criarão sustentabilidade sem transparência significativa. Os líderes devem permanecer comprometidos com a responsabilidade de gerar métricas padronizadas. Somente a padronização e a transparência podem impedir que o ESG se torne uma ferramenta vazia para marketing ou greenwashing.
ESG é uma nova cultura empresarial e de investimentos. Assim como em qualquer decisão de investimento, mais do que o rótulo, o que vale é entender o escopo do investimento e especialmente a cabeça dos gestores responsáveis.
A diversidade em um portfólio tradicional ajuda a reduzir o risco e ajuda a otimizar a recompensa no contexto de impacto. Talvez a porta de entrada mais importante dessa nova cultura seja o compromisso de investir em mulheres e fundadores sub-representados, que historicamente não têm acesso a capital.
ESG não é filantropia. Nada contra doar parte da taxa de administração para alguma instituição ou causa, é um movimento bem-vindo. Mas não é a filantropia que torna o investimento um produto sustentável. No mundo ESG o que se busca o tempo inteiro é a materialidade, ou seja considerar o que importa. O que faz diferença é o modo de alocação do capital e o impacto gerado.
Por fim, é importante reiterar que os tempos atuais aceleraram e desnudaram o que parecia invisível para muitos, os negócios não funcionam mais do mesmo jeito para todos. O aprendizado caminha para uma forma mais igualitária, justa e sustentável de fazer negócios, que valoriza o propósito ao lado do lucro. Se há contínuo comprometimento com a inovação, o impacto tem a oportunidade de provar que os desafios enfrentados podem apressar o desenvolvimento, não inibi-lo.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.
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