Duas startups lideradas por negros ganharam, recentemente, o noticiário nacional e internacional por receberem aportes milionários. Além de suas lideranças, elas têm em comum o fato de estarem no dia a dia de um número grande de pessoas.
Uma delas é a Calendly, que arrecadou US$ 350 milhões em sua segunda rodada de investimento e atualmente está avaliada em US$ 3 bilhões. A empresa é definida, no site da OpenView Venture Partners, empresa de venture capital com sede em Boston que contribuiu com a aporte, ao lado da Iconiq Capital, de São Francisco, como proprietária de uma ferramenta de agendamento poderosa, mas simples, capaz de ajudar os profissionais de negócios a economizarem tempo, controlarem suas agendas e encantarem os convidados.
O CEO da startup é Tope Awotona, nigeriano que chegou ainda jovem aos Estados Unidos e, desde então, vive em Atlanta, onde fica a sede da empresa e uma das cidades com maior número de pessoas negras do país – que já tive, inclusive, o prazer de visitar.
O primeiro aporte recebido pela Calendly – de US$ 500 mil – teve a participação da Atlanta Ventures e da própria OpenView, o que deixa claro que seu crescimento é consistente. Em 2020, a empresa não só aumentou sua base de clientes como também dobrou sua receita com assinaturas, chegando a mais de 10 milhões de usuários e US$ 70 milhões de faturamento mensal.
A segunda startup é a MadeiraMadeira, o mais recente unicórnio brasileiro. Ainda nos primeiros dias de 2021, a startup de móveis e decoração que tem Robson Privado como COO recebeu um aporte de US$ 190 milhões liderado pelo SoftBank e Dynamo. Hoje, a empresa está avaliada em R$ 1 bilhão.
Com um modelo de negócios baseado em drop shipping – técnica de gestão da cadeia logística na qual o revendedor não mantém os produtos em estoque, mas oferta e comercializa os portfólios dos fabricantes –, a startup registrou um crescimento de 120% em 2020, tornando-se o 16º unicórnio do país e ampliando seu crescimento de forma exponencial, já que em 2019 teve um aumento de 80% na comparação com o ano anterior.
Robson Privado contraria as estatísticas: natural do Paraná, filho de empresário nordestino que migrou para o sul do país para empreender, teve dentro de casa oportunidade de falar desde muito cedo sobre empreendedorismo. Durante um café virtual tive o prazer de conhecê-lo e saber um pouco da sua história.
Bem humorado e extremamente antenado, Privado tem a preocupação de fazer a diferença e retornar o que aprendeu à comunidade. Modéstia à parte, estou feliz por ele se tornar mentor do BlackRocks, dando oportunidade para que outros empreendedores e empreendedoras possam ter contato com quem consideramos que “chegou lá”.
Ambas as startups não possuem somente os pontos citados acima em comum, mas também cresceram – e muito – durante a pandemia e expressam a visão de pessoas que nasceram fora do que chamamos de “os grandes centros”. O sul do país, por exemplo, onde Privado está baseado, tem apenas 2,6% de startups lideradas por pessoas negras, segundo a ABStartups. Espero cada vez mais ter notícias como essas para compartilhar com vocês. Como digo sempre: nossa busca por diamantes nunca termina.
Maitê Lourenço é fundadora e CEO da BlackRocks Startups, que incentiva os negros a acessarem ecossistemas inovadores e de tecnologia.
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