Se a pandemia da Covid-19 pegou a maioria das pessoas de surpresa, o que vem depois dela é um tanto quanto incerto e nebuloso, principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho. O que é possível afirmar, no entanto, é que alguns comportamentos e habilidades em negócios serão mais requisitados do que nunca na era pós-pandemia.
Um estudo da McKinsey mostra que milhões de pessoas deverão migrar de profissões até 2030. São mais de 100 milhões de pessoas no mundoque terão seus empregos drasticamente afetados e necessariamente vão abraçar outras carreiras. Isso significa um em cada 16 trabalhadores das principais economias do mundo.
Quando falamos de crescimento praticamente exponencial, falamos das tecnologias de e-commerce e delivery, intensificação do uso de inteligência artificial, robôs e, claro, trabalho remoto.
E esses números não envolvem necessariamente a extinção de certas carreiras, mas a transformação de mentalidade e habilidade que as novas versões dessas áreas vão precisar.
O que é fato é a necessidade de mudança de mentalidade. Cada vez mais os postos de trabalhos terão menos ênfase na operação pura e simples e vão demandar mais habilidade de solução de problemas.
Também aparecem no topo das novas exigências a capacidade de adaptação e flexibilidade para trabalhar com posições remotas e também lidar bem com pressão ou mesmo prazos inesperados. Autonomia e capacidade de priorização aparecem mais necessárias do que nunca, assim como a importância do pensamento crítico.
Em um momento de avalanche de dados – e também das traiçoeiras fake news -, a capacidade de discernimento para filtrar informações e garantir tomada de decisão assertiva também é chave. Falo aqui sobre profissionais que tenham a habilidade de responder às perguntas como: “o que está acontecendo?”, “por que isso é importante?”, “de onde essa informação vem?” e também “como esses dados afetam o meu trabalho, meu negócio ou minha empresa”?.
Empreendedores e analíticos
Em outro levantamento, a própria McKinsey entrevistou 300 executivos para saber como suas empresas – aquelas para as quais eles trabalhavam ou lideravam – lidaram com a crise.
E constatou que 4 em cada 5 funcionários responderam que a resposta de suas empresas à pandemia foi razoavelmente efetiva. E mais: de quebra ainda encontraram oportunidade para adaptar e potencializar seus negócios.
Mas o que elas fizeram que as outras não? A primeira coisa: elas colocaram o dedo na ferida. Metade dos entrevistados disse que a crise expôs as fraquezas de suas companhias e colocou à prova sua resiliência.
E por resiliência a Mckinsey classifica a habilidade da empresa de adaptar, moldar e tornar elástico seu modelo de negócios. Ou seja, elas não esconderam suas fraquezas, elas analisaram onde estavam suas maiores fragilidades, planejaram como superar e conseguiram criar um plano para reagir.
Então aqui está a primeira lição que julgo fundamental para o momento. Não adianta tentar esconder ou jogar para baixo do tapete aquilo que você ou sua empresa têm de ponto fraco. Você vai fazer 3 perguntas para si mesmo:
Onde estão as minhas principais fraquezas – minhas, do meu serviço ou do meu negócio (pode listar o que for: não tenho delivery, tenho dificuldade em encontrar clientes para meus serviços)
Onde estão as principais oportunidades do meu mercado (novo formato de entrega? Atendimento remoto personalizado?)
Quais comportamentos ou técnicas passadas eu utilizei que me auxiliaram em uma situação passada em que você teve sucesso? (pode ser qualquer coisa, técnicas de negociação que você utilizou, como conseguiu fechar mais contratos)
Ao colocar na mesa, às claras, suas vulnerabilidades, essas empresas conseguiram traçar estratégias mais rapidamente e com maior precisão. E isso tudo só é possível quando se tem mentalidade empreendedora. E eu não falo apenas do líder, sócio ou dono da empresa, mas de todos aqueles que fazem parte de sua equipe.
Retomando o que eu falei no início, cada vez mais a mentalidade empreendedora será fundamental para que equipes e empresas inteiras se adaptem ao pós-pandemia. Entre os dias 23 e 25 de março darei um curso online gratuito que fala muito sobre isso, sobre a necessidade de mudar comportamentos e atitudes frente às novas exigências do momento. E você, já conseguiu enxergar sua mentalidade empreendedora?
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinekdIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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