Expliquei, recentemente, o uso do onde e do aonde no meu Instagram; acho justo, pois, fazer a mesma coisa aqui. Ainda que seja verdadeira a ideia segundo a qual o onde remete ao estático e o aonde ao movimento, apresentar-lhe-ei um macete, digamos, um pouco mais fecundo.
Ei-lo: o pronome onde só pode ser utilizado com verbos que pedem a preposição em, ao passo que o aonde deve ser usado com verbos que pedem a preposição a. Mas como assim, filho de Deus? É bem simples. Onde ou aonde você fica hospedado? As pessoas ficam hospedadas em algum lugar, certo? Logo, o correto é onde (onde você fica hospedado). Onde ou aonde você pensa que vai, questiona a mãe. As pessoas pensam que vão a algum lugar, não é mesmo? Desse modo, o correto é aonde (aonde você pensa que vai).
Entretanto, para o seu total contentamento no que se refere à minha explanação, recorrerei a uma canção brasileira eruditíssima, de cujo exemplo você não se esquecerá. Lê-se no refrão: “Diga aonde você vai que eu vou varrendo. Diga aonde você vai que eu vou varrendo. Vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo…”
Não sei se pela eufonia da junção do a final de diga ao a inicial de aonde ou pelo compromisso gramatical, fato é que o compositor da música em questão acertou. Se vamos, vamos a algum lugar, leitor. Logo, diga aonde você vai que eu vou varrendo. Aproveitando o ensejo, não sou pagodeira, tampouco Jânio Quadros para utilizar vassouras como símbolos de quaisquer coisas. Contudo, espero, sinceramente, varrer dúvidas e incorreções gramaticais. Onde (e não aonde) eu estiver.
É isso.
Até a próxima semana.
Cíntia Chagas é uma professora que sempre leva humor e conhecimento ao público. Escritora de dois best-sellers da editora HarperCollins, ela coleciona milhares de alunos nos cursos virtuais que ministra. Palestrante e instagrammer, provou que irreverência, humor e educação podem e devem andar juntos.
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