As trilhas que interrompem a atual jornada dos negócios no mundo nascem das visões de um futuro disrruptivo. A pandemia em tudo acelerou. Elas, as trilhas, têm mudado a maneira como pensamos e o que fazemos. A ruptura emerge quando novas tecnologias criam novos paradigmas de negócios, tais modelos evoluem rapidamente, e aí, do nada, é o futuro!
Vive-se um crescimento fenomenal. A ONU estima que a população atual é de 7,7 bilhões e que aumentará em 1 bilhão na próxima década e atingirá 9,6 bi em 2050, isso é exponencial. Esse “próximo bilhão” é desafiador para os negócios. E nesse ponto, há uma questão que deve ser considerada: ora, se a geração dos millennials se apresenta como consciente nas questões de meio ambiente e bastante sensível a causas sociais, imagine o próximo bilhão de pessoas.
Nada melhor que a máxima de Peter Diamandis, da Universidade da Singularidade, quando lhe perguntam como ser bilionário atualmente: “O melhor jeito de ser bilionário é investir em negócios que beneficiem um bilhão de pessoas!”.
A forma de consumir tem mudado aceleradamente (prefere-se compartilhar do que ter!). É lúcido, então, entender que empresas que ignoram questões socioambientais estão ignorando uma legião de consumidores e colaboradores. O conceito ESG representa, além de tudo, um tema geracional. Portanto, inserir tais conceitos é, no mínimo, uma boa prática de gestão.
Isso explica porque a tão falada nova economia é caracterizada pela diversidade, próspera em diferentes condições e exigente em produtos e serviços que impactam positivamente a vida das pessoas. Mais uma vez: premissa global dos investimentos em negócios ESG.
Investir numa empresa ESG é investir em sustentabilidade a longo prazo ou investir o futuro no presente!
De forma mais direta, é estratégico e responsável o investimento privado de impacto, até porque o Estado, mais doação e filantropia não têm como pagar a conta dos passivos sociais e ambientais. Ressalto para não gerar confusão: investimento de impacto não é o do terceiro setor, entender assim é uma visão reducionista.
É importante compreender que os novos negócios funcionam num ambiente cada vez mais imprevisível, em territórios até então fragmentados, com o desenvolvimento dos subdesenvolvidos e a defensiva dos desenvolvidos. Essa é a metamorfose: lucro com propósito, lucro com progresso social e ambiental.
Tal metamorfose é a ordem do dia. Não há como esperar as tempestades passarem. Ou os líderes dos negócios lutam com as ondas de frente ou afundam. A mudança pode ser o suficiente para muitas empresas emergirem. O imperativo é transformar o DNA organizacional e mudar completamente, ser diferente.
No início deste mês, a gigante Danone obteve a sua certificação de Empresa B no Brasil. E foi logo anunciando: “A Danone é Empresa B, pelo planeta e por você”.
A conquista da certificação B traduz o comprometimento da Danone numa nova forma de fazer negócios, tornando-a 1ª grande empresa B de alimentos e bebidas no Brasil. Trata-se de um belo exemplo onde uma grande indústria tem usado sua escala e dimensão para mudar o modelo tradicional e criar modelos mais saudáveis e sustentáveis para as pessoas e para o planeta.
De outra forma, a Danone, para mais de assumir o compromisso estatutariamente, foi avaliada de forma tangível e mensurável, em todos os seus processos envolvidos no desenvolvimento de produtos que contribuem para a saúde e a nutrição de seus consumidores.
Da análise dos investimentos ESG da Danone, é importante apontar a promoção e fomento ao desenvolvimento econômico e sustentável de pequenos produtores rurais, além da oportunidade para comerciantes se tornarem micro distribuidores, gerando oportunidade, capacitação e renda para diversas famílias. Os programas e iniciativas socioambientais da Danone incluem investimentos voltados para neutralidade do carbono por meio da agricultura regenerativa, economia circular e eficiência energética.
Como expressado em seu comunicado de certificação, a Danone não quer ser somente uma das melhores empresas do mundo, mas também uma das melhores empresas para o mundo, e acredita que pode fazer isso por meio da sua governança, com o portfólio de produtos focados em saúde e nutrição, e conectando o sucesso dos negócios com o progresso social, por meio de programas e iniciativas socioambientais.
Nesse cenário, não há toada sem final previsível. O script é escrito e reescrito o tempo todo. Aqueles que investiram em capacidade, agora terão que investir em imaginação; passar de uma economia independente para uma economia colaborativa e dependente; de evoluir para mudar o mundo continuamente. Essa é a ruptura!
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.
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