Quem começa uma empresa certamente já é questionado se o plano de negócio está feito. Há quem considere que se trata apenas de jogar dados em uma planilha, um trabalho maçante, de futurologia e sem importância. Mas a verdade é que o plano serve para detalhar todos os objetivos da empresa e permite ainda ao empreendedor visualizar se as metas em cada fase do projeto foram alcançadas. É trabalhoso, sim, mas muito útil, desde que seja feito com flexibilidade e respeite as particularidades de cada negócio.
As startups mudam com frequência, pois elas aprendem com o cliente, fazendo experimentos das hipóteses que compõem seu modelo. E essa flexibilização precisa acompanhar o plano. Aliás, esse é o segredo: realizar ciclos curtos de validação e reorientação do Plano de Negócios. Uma empresa tradicional passaria seu primeiro ano executando à risca o planejamento e realizando pesquisas detalhadas de mercado; as startups não podem se dar esse luxo.
Enquanto no modelo tradicional, onde se aprende que os empreendedores ficam um ano com o projeto, trabalhando e fazendo testes para o lançamento, nas startups tudo deve ser feito de maneira mais ágil. O Plano de Negócios deve acompanhar essa agilidade. A empresa deve contar, sim, com um plano e uma estratégia bem definida, mas sempre olhando para o que funciona ou não e para as mudanças do mercado.
É este o conceito que o acadêmico Henry Mintzberg, da Universidade McGill, no Canadá, chama de estratégia emergente. A definição foi criada para designar um tipo específico de estratégia de avaliação e reação, que foca a reação rápida às mudanças observadas na área, diferindo da estratégia deliberada, que tem foco no planejamento a longo prazo, baseado em previsões futuras. Enquanto na deliberada os planos previamente estabelecidos devem ser cumpridos, na emergente o plano é reagir com rapidez aos acontecimentos do momento.
Uma empresa tende a ser bem-sucedida quando seu modelo tem flexibilidade, agilidade, capacidade de reação e readaptação ao que a indústria mostra. Sempre existirá um certo um grau de incerteza no mercado e o plano de negócios deve ser ajustado quando houver necessidade.
Os planos de negócio das startups não possuem uma estrutura rígida e específica, pois cada empresa tem suas particularidades, mas é importante que aborde alguns pilares, como oportunidades do negócio, estratégia para conquistar o mercado, forma de operar e projeções de despesas. Outro ponto a destacar é que, tradicionalmente, a maioria dos investidores exige um plano de negócios para visualizar a capacidade dos empreendedores de executá-lo.
Como bem disse o consultor Peter Drucker, “toda organização opera sobre uma teoria do negócio, isto é, um conjunto de hipóteses a respeito de qual é o seu negócio, quais os seus objetivos, como ela define resultados, quem são seus clientes e a que eles dão valor e pelo que pagam”. Mas tais hipóteses, depois de testadas, devem ser readequadas o mais rápido possível, assim como seu plano de negócios. É essa estratégia emergente e sua capacidade de reação que determinará a sobrevivência da sua startup.
Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.
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