Na língua portuguesa, o trema ocorria na letra u quando esta precedia as letras e ou i para mostrar que o u deveria ser pronunciado. Entretanto, veio a última reforma ortográfica e retirou o coitado do sinal, que, infelizmente, já sofria terrível desmoralização. Poucos queriam – e querem – saber dele.
No que diz respeito a isso, nada tem chamado mais atenção do que o esmero com que o Presidente da República trata a corriqueira lexia questão, pronunciando-a com um bravo e sonoro u (“kuestão”). Afinal de contas, Jair Messias está correto? Devemos dizer “kestão” ou “kuestão”?
Bem, de acordo com a Academia Brasileira de Letras, as duas pronúncias estão corretas. Logo, ninguém pode recriminar, nesse quesito, o presidente. Contudo, se o vocábulo questão nunca levou trema, por que se aceitam os dois modos de falar? No italiano, no inglês e no espanhol, ouve-se, nitidamente, a letra u: questione, question, cuestion. Não seria mais coerente que o certo, para nós, fosse o som “kuestão”?
Fato é que as opiniões dos estudiosos divergem – e muito – no que diz respeito a essa curiosidade linguística. Para uns, como nunca houve trema, fala-se “kestão” e ponto final. Para outros, como Napoleão Mendes de Almeida e Pasquale Cipro Neto, tanto faz. De acordo com este, devemos levar em consideração o que diz a Academia Brasileira de Letras, segundo a qual as duas pronúncias existem e, por isso, foram registradas.
Quanto a mim, prefiro dizer e ouvir “kestão”. Mas tudo isso é questão de gosto e de costume, não é mesmo? Deixemos, portanto, em paz a “questão” do Bolsonaro.
Até a próxima semana.
Cíntia Chagas é uma professora que sempre leva humor e conhecimento ao público. Escritora de dois best-sellers da editora HarperCollins, ela coleciona milhares de alunos nos cursos virtuais que ministra. Palestrante e instagrammer, provou que irreverência, humor e educação podem e devem andar juntos.
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