Você já pensou em ganhar milhões de dólares por conta de um meme? Ou pagar por uma obra de arte que pode ser admirada apenas pelo celular? Agora é possível. O non-fungible token (token não-fungível, em tradução livre), ou simplesmente NFT, é o registro de propriedade de um objeto digital via blockchain, a mesma tecnologia por trás da criação de criptomoedas, como o bitcoin.
Trata-se de uma solução para proteger os direitos autorais de produtores de conteúdo digitais. Ao utilizar a tecnologia, em parceria com contratos inteligentes que permitem incluir atributos detalhados como identidades e metadados, o processo torna-se ainda mais eficiente, sendo possível identificar o autor, proprietário e obra.
Agora artigos puramente digitais, como documentos, códigos e imagens passam a ter um único dono. Ao registrá-lo como um NFT, esse arquivo ganha características de autenticidade e propriedade, estimulando uma economia bilionária de bens digitais.
A venda de “Everydays: The First 5.000 Days”, coleção de desenhos e animações digitais feitas durante 5 mil dias consecutivos pelo artista Beeple, foi vendida por US$ 69,3 milhões. Um GIF de fantasma da Gucci foi arrematado por US$ 3.600. Uma coleção de móveis digitais de Andrés Reisinger rendeu U$ 450 mil em menos de 10 minutos. E o Twitter vendeu o primeiro tuíte de sua história por US$ 2,9 milhões.
Apesar da repercussão atual, os NFTs já existem há algum tempo. Em 2017, os artistas Matt Hall e John Watkinson criaram uma série de personagens digitais: os CryptoPunks. Cada imagem foi associada a um NFT. Além desses, na mesma época foram criados os CryptoKitties, jogo online que permite aos jogadores comprarem, venderem, coletarem e criarem diferentes tipos de gatos virtuais. Atualmente, alguns desses gatinhos digitais estão à venda e podem custar US$ 1 milhão.
Já foram mais de 125 mil artes vendidas e mais de US$ 350 milhões movimentados. O mês de abril nem terminou e o volume de vendas já dobrou em relação a fevereiro. O crescimento é absurdo. Os NFTs provam seu potencial enquanto catalisador na transformação da economia, o que permite a criadores monetizarem diretamente com seus fãs.
Além disso, a possibilidade de criar obras, vídeos, música, GIFs, jogos, tweets e até mesmo memes no blockchain como NFTs significa que o artigo digital de um criador pode ser vendido globalmente em mercados descentralizados. E esse processo permite que o autor receba uma porcentagem cada vez que o NFT é vendido ou muda de proprietário.
No Brasil, a febre dos NFTs ainda não começou, mas tem tudo para chegar com força. O país possui milhões de produtores digitais, que usam a internet como fonte de renda. Para esse grupo, o NFT é mais uma possibilidade de gerar recursos no mundo digital. Uma grande oportunidade para aqueles que possuem uma legião de fãs pela internet.
Porém, o crescimento dos NFTs pode gerar um grande debate no mercado. Muitos artistas digitais e produtores de conteúdo, por exemplo, enfrentam dificuldades para proteger direitos autorais online. Com isso, o NFT surge como uma possível solução para eles. Ao utilizar a ferramenta, em parceria com contratos inteligentes que permitem incluir atributos detalhados como identidade do proprietário, metadados e link seguro, torna o processo mais simples, sendo possível identificar o autor e proprietário. Além disso, ao invés de comercializar várias cópias, o artista digital venderá menos itens com um valor ainda maior para os dedicados fãs.
Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.
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