Construir uma garagem é relativamente fácil para quem tem os recursos financeiros. O grande desafio é economizar o desgaste e os custos envolvidos na logística de transportar toda a infraestrutura de uma equipe até um autódromo para correr uma etapa.
Mas, nas próximas duas corridas da Stock Car Pro Series, que acontecem nos dias 19 e 20 de junho, e em outras duas neste ano, isso não será um problema para uma equipe em especial. A Crown Racing, da qual fazem parte os pilotos Cacá Bueno e Beto Monteiro, escolheu um cenário bucólico e muito estratégico como novo endereço.
Depois de nove anos em Petrópolis, RJ, a estrutura, que coleciona quatro títulos desde sua criação, dois de pilotos, com Marcos Gomes em 2015 e Felipe Fraga em 2016 e dois como equipe, ainda com o nome de “Cimed Racing”, se mudou para a Fazenda Velocitta, complexo que também abriga um dos mais importantes autódromos brasileiros. O Velocitta é um dos três únicos autódromos nacionais com homologação da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), além de ser palco de etapas da categoria desde 2017. E a cereja do bolo é a localização privilegiada (fica em Mogi Guaçu, na Rodovia SP-42, a 180 km de São Paulo), de fácil acesso ao público, fornecedores e organizadores do evento.
Depois de um soft opening em maio, em evento do Grupo Universal Automotive Systems, patrocinadora do time, grande parte das vantagens de estar praticamente dentro do circuito serão desfrutadas daqui a duas semanas. No Brasil, atualmente só uma equipe é sediada dentro de um autódromo, o que ocorre com uma certa frequência na Europa e nos Estados Unidos.
“Na verdade, os carros já vão sair da oficina e vão direto para os boxes. Eu vou ter mais tempo de oficina, os funcionários mais descansados, um custo quase zero de logística e isso é tudo que a gente precisa”, celebrou William Lube, chefe da Crown Racing, e que está na categoria desde 2007, tendo conquistado dois campeonatos, um com Cacá Bueno e outro com Ricardo Maurício.
No entanto, a economia de um valor estimado em R$ 200 mil em logística – o que em tempos de pandemia é uma mão na roda para o esporte motor – é apenas um dos prós de estar instalado dentro de um circuito tão importante. Um outro grande benefício de ter um autódromo no “quintal de casa” é todo o relacionamento com clientes que ele proporciona. Afinal de contas, a Stock Car não é somente a maior categoria do automobilismo nacional, mas sim, como todas as outras do mundo, também é um ecossistema de marcas e um catalisador de negócios.
“Não podemos treinar com o carro, mas podemos celebrar a pista, trazer nossos clientes, parceiros e amigos, levá-los em outro carro e fazer com que eles possam ter a experiência de estar em um autódromo. O Velocitta nos proporciona isso”, comentou o piloto Beto Monteiro. Novato no time da Crown Racing e participando pela primeira vez de uma temporada inteira da categoria, Beto coleciona quatro títulos brasileiros da Fórmula Truck, além de ter participado de campeonatos importantes mundo afora, como a Nascar.
Mas Beto não vai desfrutar sozinho dos privilégios das novas coordenadas geográficas da garagem. Cacá Bueno, pentacampeão da Stock Car e oitavo hoje no campeonato, continua tendo que viajar do Rio de Janeiro, onde mora, até Mogi Guaçu, mas vai contar com uma estrutura mais parruda e uma equipe bem mais descansada durante a corrida. As longas oito horas de viagem que serão “economizadas” entre Petrópolis e a nova sede, com caminhões transportando os carros, mecânicos e uma infinidade de equipamentos, são celebradas por toda a estrutura da Crown. “Só de ganharmos alguns dias de preparação e estarmos em um ambiente realmente voltado e 100% pensado para o automobilismo, faz com que a gente possa fazer um trabalho melhor”, comentou Bueno.
Os efeitos deste formato pouco visto no cenário automobilístico brasileiro serão colocados à prova nas pistas. Mas definitivamente é um atrativo a mais para os fãs do automobilismo, sempre sedentos por novas emoções e surpresas, principalmente quando se trata de uma batalha tão acirrada quanto tem se mostrado ser a da Stock Car.
Letícia Datena é jornalista de esportes há oito anos, e atua no setor do automobilismo desde 2016. Já foi correspondente internacional dos canais Fox Sports e cobriu alguns dos campeonatos mais importantes do mundo, como o Rally Dakar, Rally dos Sertões, o WRC (World Rally Championship), Fórmula E e hoje é uma das responsáveis pelo departamento de criação de conteúdo da Stock Car.
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