Em pleno 2021, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo ainda vivem em situações de moradia indigna.
É bom que se diga que a habitação é uma das nossas necessidades mais fundamentais para a sobrevivência, pois não só fornece necessidades fisiológicas, como calor e proteção contra os elementos naturais, mas também é crucial para nossa atenção social e afetiva. A moradia está intimamente ligada à identidade de cada pessoa e ao desejo de encontrar seu lugar, seu lar no mundo.
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O momento é crítico para a habitação. O crescimento populacional e a rápida urbanização ameaçam a capacidade de investimento em moradias que atendam às exigências fisiológicas básicas.
Segundo dados da ONU de 2019, 55% da população mundial convive em áreas urbanas e a expectativa é de que esta proporção aumente para 70% até 2050.
As atuais mudanças demográficas e climáticas aliadas a uma crescente divisão econômica ameaçam a capacidade de fornecer moradias dignas.
As novas tecnologias e as relações humanas estão mudando num ritmo exponencial. É fato que, sem novos avanços em tecnologia e inovação, negócios e mercados, políticas e regulamentos, a lacuna entre a vontade de moradia das pessoas e as soluções habitacionais disponíveis só aumentará.
No entanto, um futuro é possível onde a maioria, senão todas as pessoas, tenham acesso a uma moradia que não seja apenas adequada, mas segura, saudável, acessível e desejável. Para isso, a habitação deve evoluir de forma mais rápida e diferente da trajetória atual.
A moradia não é digna se os seus ocupantes não tiverem água potável, saneamento adequado, energia para cozinhar, aquecimento, iluminação, armazenamento de alimentos ou eliminação de resíduos.
No nível mais fundamental, há um desequilíbrio cada vez mais acentuado entre a habitação como uma premência humana básica e a habitação como um bem a ser comprado e vendido.
Sem ação, o futuro da habitação provavelmente evoluirá para atender às necessidades de apenas alguns – e não da maioria – da humanidade.
No Brasil, a habitação tem uma trajetória cada dia mais:
• insalubre e vulnerável a desastres ambientais extremos;
• inacessível para um grande número de pessoas;
• incapaz de atender adequadamente às necessidades das pessoas;
• impulsionadora de ansiedade daqueles que vivem nas favelas, periferias, comunidades e territórios informais.
Essa realidade é inaceitável. Há que se investir em um futuro alternativo.
Por outro lado, há pílulas inspiradoras. Nasce no Brasil o pacto pela moradia digna – HousingPact –para enfrentar o desafio de alavancar, mudar ou até mesmo reverter tendências do setor, incentivando ações ousadas.
No entanto, para realmente pensar com ousadia, o pacto mostra que não podemos deixar para amanhã. Devemos começar agora.
A ação HousingPact, investimento ESG onde o S fica de fato no centro do pacto, reúne um pool de empresas: ArcelorMittal, CBMM, Duratex, HM Engenharia, InterCement, Instituto InterCement, Fundação Tide Setubal, Vale e as investidoras intr3s e FFA Holding [fundadoras do MiningPact].
De outra forma, apresentamos uma aliança de investimentos ESG que atua em rede, pois confia que é possível desenvolver e fomentar startups, empresas, produtos e serviços ligados ao setor de habitação focados na população de baixa renda.
O conceito de moradia estendida é a grande inovação do HousingPact. As pessoas ocupam o lugar de destaque, sendo por certo uma etapa estrutural por um território digno.
Há investimentos ESG na veia, fomentando-se negócios que promovem o desenvolvimento econômico, por meio:
– da melhoria de moradia;
– da geração de renda local;
– de materiais construtivos inovadores e inteligentes;
– de energias limpas;
– da melhoria dos espaços públicos;
– da cadeia circular dos resíduos;
– do microcrédito; e,
– da água e saneamento.
Em outras palavras, é um bom exemplo de coinvestimento que modela o futuro. Futuro, onde moradias seguras, saudáveis e desejáveis representam o seu lugar no mundo.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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