Ao olhar para a evolução da economia digital nos últimos anos, acelerada pela emergência da Covid-19, é impossível deixar de notar o papel que startups têm desempenhado em nossas vidas e o papel do acesso a ferramentas tecnológicas nessa evolução.
Claro, o modelo de negócios é o primeiro fator a ser considerado quando analisamos a ruptura que startups em áreas desde serviços financeiros e saúde até educação e alimentos têm causado na forma como consumimos produtos e serviços. Outro ponto que chama a atenção nessas empresas na comparação com organizações ditas “tradicionais” é a aplicação intensiva de tecnologia para viabilizar estes novos modelos.
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Mas o acesso a tecnologias de ponta pelo empreendedor nem sempre foi fácil. Muitas ideias nem chegaram a sair do papel por conta disso. Como ex-dono de um pequeno negócio, lembro bem que a adoção de tecnologia era algo difícil – e caro – há pouco mais de uma década. Uma licença anual de um software de gestão poderia ter um custo equivalente a vários meses de salário dos pizzaiolos na minha folha de pagamento, sem falar de outros entraves como a complexidade da implementação.
As coisas começaram a mudar, e rápido. Eu mesmo descobri mais à frente na minha jornada empreendedora que poderia usar ferramentas de análise que me ajudariam a entender, por exemplo, a razão pela qual a maioria dos novos clientes só pediam pizza uma vez (resumindo, o que eu descobri é que eles perdiam o panfleto; então, mandei fazer ímãs de geladeira).
Hoje, a tecnologia se tornou mais barata e acessível do que nunca, e as startups têm aproveitado essa nova revolução industrial. Essas empresas entregam soluções para seus usuários com base em modelos por assinatura, pagando software e infraestrutura de acordo com o que usam. A boa notícia é que, atualmente, esses modelos estão ao alcance não só de startups, mas de negócios de qualquer porte – e essas possibilidades precisam entrar no radar de todos.
O tema da democratização tecnológica foi discutido em um evento recente que participei, refletindo sobre a importância do acesso a ferramentas como análise de dados, que permitem que um empreendedor ou gestor em uma organização identifique padrões, oportunidades e problemas na operação. Para isso, é preciso ter acesso a poder computacional com modelos como a nuvem, que permite um processamento de dados em escala, e outras vantagens como redução de custos.
Notei com interesse um relatório publicado em julho pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e pela Fundação Getulio Vargas com mais de 2.500 micro e pequenas empresas no Brasil: a maioria delas está em fases iniciais de digitalização e apenas 3% podem ser consideradas líderes digitais. A principal razão citada pela maioria é a falta de recursos para investir. Por outro lado, 68% dos empreendedores se disseram abertos para participar de algum tipo de programa de aceleração digital.
Como bom otimista, acredito que os dados da pesquisa da ABDI/FGV reforçam a importância da democratização da tecnologia, bem como a oportunidade para ampliar iniciativas de treinamento, com um novo olhar sobre ferramentas como a nuvem, análise de dados e inteligência artificial podem agregar valor a negócios que já existem, e os que ainda virão.
Em um cenário de digitalização acelerada, é preciso aumentar o acesso à tecnologia. Afinal, ela traz eficiência, riquezas e infinitas possibilidades. Agora imagine só o quão longe poderemos ir quando todos tiverem acesso.
Marvio Portela é vice-presidente sênior para Estados Unidos, América Latina e Caribe do SAS. O executivo passou por grandes empresas como Oracle e IBM, trazendo uma vasta experiência na área de vendas e gestão de parcerias. Sua carreira no SAS teve início em 2010.
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