Há pouco mais de um ano vivia o maior drama e o melhor momento da minha carreira.
Depois de conquistas inacreditáveis, por todo enredo nos Jogos Olímpicos de Tóquio com a Laura Pigossi e depois a gira mágica com a Gabi Dabrowski, com o título em Montreal, vice em San Jose e Cincinnati.
A sequência vinha com a semifinal do US Open, estávamos no flow, mas a lesão veio em plena partida. Chorei copiosamente na cadeira de rodas, foi um baque. Veio a cirurgia no fim de setembro do ano passado e um longo processo de recuperação.
Sempre fui muito positiva e otimista e acreditava que poderia voltar em boa forma, mas havia dias mais duros, de ansiedade, principalmente os primeiros, onde tive o grande suporte de minha mãe Alessandra, praticamente como uma babá, em Chicago.
Aos poucos, a fisioterapia foi apresentando o resultado com o trabalho fantástico de Ricardo Takahashi, os movimentos foram reaparecendo, voltei a treinar bem devagar com o Time RTB, sob o comando do Léo Azevedo, em São Paulo. Mas fui com cautela para voltar no meu melhor e sem riscos.
Ficar na capital paulista, perto da família e amigos, também foi uma ótima escolha em um momento como esse. Em uma lesão dessas, de ligamento cruzado anterior, no mínimo nove meses de recuperação, o acolhimento é essência.
Depois de um ano de recuperação, o retorno estava marcado para Tóquio, palco dos Jogos Olímpicos e de minha maior emoção. Eis que surgiu a oportunidade de jogar na semana anterior em Chennai e novamente com a Gabi. O nervosismo tomou conta, é claro, mas saiu tudo perfeito. Com título. Não esperava logo de cara.
Em Guadalajara, há poucos dias, mais uma grande emoção. Meu segundo torneio com a australiana Storm Sanders. Jogos difíceis, decididos nos detalhes e uma final brasileira emocionante contra a dupla de Bia Haddad Maia. Jogo com altos e baixos, normal por ser uma final, mas muito feliz pela conquista, igualando meu maior título e alavancando meu ranking para perto do top 50.
O ano ainda não acabou. Ainda resta a Billie Jean King Cup. Rever todas as meninas será muito legal e vamos nos unir em busca da classificação no duelo difícil contra a Argentina. Depois terei mais alguns torneios na América do Sul para finalizar o ano.
As energias estão renovadas. O tênis me mostra ser uma escola da vida. Momentos ruins, momentos bons, dias difíceis, dias de glória. Aprendizado acima de tudo. Agora me sinto muito motivada já de olho para 2023 e trabalhando a cada dia.
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Luisa Stefani – 25 anos, começou a jogar tênis aos 10 anos. Disputou as chaves principais dos quatro Grand Slams juvenis e foi à semifinal de duplas do US Open juvenil em 2015, quando chegou à 10ª posição do ranking mundial juvenil. Ganhou destaque nas duplas no profissional e começou a colher resultados em 2019, conquistando um título no WTA de Tashkent. Em 2020, ganhou o WTA 125 de Newport Beach e comemorou o título do WTA de Lexington. Terminou o ano como 33ª do mundo, primeira brasileira no top 40 em mais de três décadas. Em 2021, foi à final no WTA 500 de Abu Dhabi, alcançando o top 30 – primeira tenista do Brasil desde 1976. E o vice- campeonato do WTA 1000 de Miami fez com que subisse para a 25ª posição – então a melhor de uma brasileira desde que o ranking WTA foi criado em 1975. Nos Jogos de Tóquio, conquistou a inédita medalha de bronze olímpica para o Brasil ao lado de Laura Pigossi. Continuou subindo no ranking e chegou a ocupar o nono lugar no início de 2022.