Os olhos dos varejistas do mundo inteiro se voltaram para a NRF 2023, o Big Show do varejo, que aconteceu este mês nos Estados Unidos e reuniu interessados da indústria em busca de novas e sólidas perspectivas. Com quase 40 mil varejistas, fornecedores e especialistas do setor, a NRF deste ano foi marcada fortemente pelas oportunidades ilimitadas para fazer conexões e descobrir um mar de outros caminhos para o nosso cotidiano. E, claro, por troca de ideias, inovações e tendências inimagináveis e mais pragmáticas que já estão em curso e que dominarão o varejo global nos próximos anos.
A experiência que vivi ao circular pelo maior evento mundial do setor abriu horizontes infindáveis que irão ampliar a capacidade de inserir todo esse conhecimento em minha rotina de trabalho, afinal, não são apenas soluções inovadoras, são conceitos que se aplicam em perspectivas futuras no mercado corporativo. E isso é fundamental a todos que buscam inovar seus empreendimentos, repensar novos modelos de negócio, acompanhar e explorar, na prática, como grandes marcas veem se adaptando às mudanças do tempo.
As visitas técnicas (study tours) às varejistas norte-americanas como Amazon Full Filment, e Amazon Fresh, foram uma fonte de inspiração, onde pude constatar algumas aplicações tecnológicas concretas. Essas marcas não param de evoluir ao adotar novos modelos de negócios e tecnologias inovadoras para o atendimento personalizado aos consumidores ávidos por novidades. Eles seguem à risca o pensamento de seu fundador, Jeff Bezos, que resume o que se deve levar em conta, prioritariamente. “Tivemos três grandes ideias na Amazon que adotamos há mais de 20 anos e são elas as razões pelas quais somos bem-sucedidos ao colocar o cliente em primeiro lugar, inventar e ser paciente”.
Já na abertura do evento, tive o prazer de acompanhar também a disputada palestra do CEO do Walmart, John Furner, que destacou o momento único que o varejo vive e o quanto o setor precisa atender aos clientes à medida que os desejos e necessidades continuam mudando. “Esta indústria é forte. Se todos continuarmos abertos à mudança, podemos conseguir muito mais”. Uma fala contundente e com a experiência de quem respira o varejo diariamente.
Certamente, o que foi apresentado nesta edição pós-pandemia reforça o quão relevante é fortalecer e manter o relacionamento sólido entre as marcas, com um adicional de tornar essa relação cada vez mais personalizada. Acrescenta-se aqui o conceito ‘Human Centric’, exercido em sua plenitude, seja para auxiliar o cliente ou para guiar as lideranças e os colaboradores. Não podemos esquecer que este público também é um importante protagonista, funcionando como porta-vozes da marca.
Entre os vários insights que me chamam a atenção, um deles é o foco cada vez maior e mais forte para um olhar clínico voltado para o consumidor. Nesse sentido, é preciso tornar lema diário algumas dicas lá apresentadas, como ‘empodere o cliente’, ‘pense na natureza (sustentabilidade)’ e ‘valorize o bem-estar em primeiro lugar’. Promover emoções será fundamental na “Economia da Dopamina”. E, para isso, investir em dados para conhecer os sentimentos do cliente será o caminho mais assertivo para oferecer produtos e serviços hiperpersonalizados. Com isso, a NRF marcou fortemente a presença da cultura data-driven como forma de compreender melhor os desejos e necessidades dos clientes.
Os sensores, as etiquetas inteligentes, a rastreabilidade e o controle de temperatura a partir de uma etiqueta foram um universo à parte. Suas aplicações estão ainda mais valorizadas, dando contornos reais e concretos ao varejo, com a tecnologia mostrando seu domínio em uma área vital para o mercado global. Um exemplo bem-sucedido que cresce exponencialmente é a tecnologia de RFID, que faz com que as marcas acomodem os produtos certos nos locais certos, na hora certa, trazendo mais conveniência para o consumidor.
O fato consumado desta edição da NRF é que para ter o cliente no centro de tudo, para melhorar a cada dia sua experiência em qualquer plataforma que ele queira comprar, é fundamental associar e agregar dados, inteligência artificial, etiquetas inteligentes, hologramas, RFID e visão computacional. É a preponderância da tecnologia. E tudo isso eu pude presenciar e vivenciar por todo esse poderoso evento. Enfim, é uma bagagem imensa de aprendizados e de ideias para colocar em prática e transformar em experiências para todo o ecossistema de negócios de cada setor da economia nacional e internacional. Vamos praticar mais o ‘break through’ e não apenas o “get through”.
Marcelo Ciasca é CEO da Stefanini Brasil, referência em soluções digitais e inovação.