Um chatbot causando uma tempestade no mundo tech. Pode? Pode.
O ChatGPT alcançou 1 milhão de usuários cinco dias após o seu lançamento.
O Instagram levou 75 dias; e o Spotify, 150 dias para chegar a essa marca.
Em janeiro de 2023, outro recorde: 100 milhões de usuários ativos. O TikTok, por exemplo, precisou 9 meses.
O ChatGPT é um chatbot generativo baseado em Inteligência Artificial (IA), criado pela OpenIA. Nasceu com a missão de
proporcionar diálogos mais imersivos aos usuários, construir respostas, textos e visões a partir das nossas perguntas. E, em muitos casos, surpreende, de fato.
Eu mesma compartilhei com meus seguidores no Instagram uma legenda para um post feita pela ferramenta. Ficou ótima.
Mas, vamos deixar o frisson, o hype e as distrações de lado, e pensar no que de fato interessa?
A IA, a cada dia, comprova ser uma das tecnologias mais revolucionárias dos últimos anos. E, por quê? Porque é eficaz.
Porque, se bem aplicada, é capaz de automatizar processos, liberando a inteligência humana para o que realmente importa.
É capaz de reduzir tempo e custos, aumentar a eficiência, melhorar a experiência dos consumidores e acelerar a inovação. Traz produtividade e diferencial competitivo para as companhias.
A adoção de Inteligência Artificial pode adicionar 4,2 pontos percentuais de crescimento adicional ao PIB do Brasil até 2030, segundo estudo encomendado pela Microsoft à consultoria FrontierView. Qual a razão de existir de uma tecnologia se não for para isso?
A IA é perfeita? Não. O próprio ChatGPT já deu indicativos sobre isso. A ferramenta utiliza o chamado modelo de Large Language Models (LLM), que, por meio de algoritmos de aprendizado de máquina, são capazes de processar grandes volumes de texto e fazer previsões das próximas sequências.
Esses sistemas ainda não possuem um alto grau de confiança, pois não baseiam suas inferências em uma correspondência semântica com a realidade. Isso significa que, da mesma forma que produzem respostas precisas, também podem inventar fatos. É que os especialistas estão chamando de fenômeno da alucinação.
Essas limitações explicam, aliás, porque grandes centros de pesquisa e as big techs, que já trabalham com essas tecnologias há muito tempo, ainda não tinham lançado algo similar no mercado. Com o hype em torno do ChatGPT, Google e Microsoft resolveram divulgar suas ferramentas com funcionalidades similares nos últimos dias.
Resumindo, temos avanços? Sim, e eles são gigantescos. Mas soluções como o ChatGPT não vão repentinamente eliminar do mercado, por exemplo, os produtores de conteúdo, quem vive da escrita.
Por quê?
Por que são capazes de conduzir uma conversa de forma fluente, sim, mas são uma máquina, ou seja, não possuem consciência ou habilidades cognitivas típicas dos seres humanos. Nem poder de discernimento.
Aliás, o que toda essa evolução diz sobre o nosso personal growth? Sobre como podemos nos posicionar no futuro? Que habilidades vamos focar em desenvolver, e que nos tornarão indispensáveis justamente porque não poderão ser executadas por uma inteligência artificial? Pensar, raciocinar, desaprender e reaprender serão, cada vez mais, diferenciais competitivos.
Vale lembrar ainda que IA ainda exige um debate mais aprofundado em temas como ética, como veracidade e viés. Isso deve ser prioridade máxima para governos, empresas, desenvolvedores e a sociedade de uma forma geral.
De qualquer forma, seguimos avançando.
Camila Farani é Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.