
A IA tem ganhado espaço e evoluído constantemente. Em um mundo cada vez mais dinâmico, veloz, competitivo e eficiente, a tecnologia tem se mostrado uma forte aliada dos empreendedores para reduzir custos, otimizar processos e automatizar operações. Muitos também estão abraçando os avanços tecnológicos para tornar a IA uma “sócia” digital. Contudo, é necessário ter ciência das limitações existentes, de modo a viabilizar um diálogo responsável com as inovações.
Há pesquisas que indicam que, em 2023, 55% das empresas globais haviam adotado a IA. No ano seguinte, o percentual já aumentou para 72%. Contudo, no cenário brasileiro, em que pese 95% das empresas entenderem tal inteligência como essencial, apenas 14% consideram que estão tratando o tema de maneira adequada. Os números elevados falam por si sós quanto à relevância da nova tecnologia.
A eficiência operacional, por meio da análise de dados, elaboração de textos de forma automatizada e melhoria no atendimento, foi o início da implementação da IA nos negócios. O papel da tecnologia, no entanto, passou a ser ainda mais abrangente, com o foco na tomada de insights estratégicos. Diversas ferramentas, tais como Copilot, Gemini e ChatGPT, são utilizadas para refinar modelos de negócio, bem como realizar a simulação de cenários, pesquisas de mercado e até mesmo testar argumentos de venda.
Não pairam dúvidas de que o avanço da tecnologia viabiliza mais velocidade, criatividade e agilidade na tomada de decisões, assim como um modelo inovador de negócio, pautado na larga utilização de dados e projeções simuladas com vasto volume de informações. Decisões são definidas com menor risco e maior previsibilidade, ensejando vantagem competitiva. A experiência humana, portanto, é potencializada com a alta performance da capacidade analítica.
Nesse sentido, resta evidente que nos próximos anos haverá significativa coautoria entre seres humanos e a inteligência artificial, a qual será cada vez mais incorporada nas empresas. A inovação será contínua, na medida em que passará a existir uma verdadeira colaboração sem se restringir à utilização da IA como ferramenta para automatizar tarefas, e sim como uma parceira ativa na tomada de decisões e no desenvolvimento de novos projetos, assim como um amplificador da criatividade e da visão humana.
Entretanto, em que pese o grande entusiasmo com as diversas tecnologias disponíveis, é preciso que se tenha conhecimento de que existem limites para a utilização da inteligência artificial. As ferramentas de tecnologia necessitam de compreensão subjetiva, senso ético e criatividade para que sejam corretamente usadas. A verdade é que a IA pode até indicar caminhos, mas cabe aos seres humanos delimitar qual trilha é melhor seguir.
Os empreendedores, nesse sentido, necessitam ter pensamento crítico e capacidade de julgar as informações expostas pela IA, sob pena de permitir a tomada de decisões descabidas, automatizações incorretas e até mesmo a perda da identidade de marca. Ou seja, não é possível automatizar a curadoria da tecnologia. Outrossim, a conexão autêntica com clientes, parceiros e investidores seguirá sendo nossa tarefa.
O desafio será a forma como os seres humanos conseguirão aproveitar os insights fornecidos pela inteligência artificial de uma maneira eficiente, ensejando a conexão da lógica das máquinas com a sensibilidade humana. Da mesma maneira que a IA tem condições de se adaptar a cada nova interação, os indivíduos também terão a oportunidade de ajustar as soluções propostas, de modo a assegurar que atendam às necessidades reais.
A inteligência artificial não está, portanto, substituindo o empreendedor, mas apenas quem não sabe utilizá-la. Por óbvio, a sensibilidade, o julgamento e a intuição humana continuarão sendo essenciais, sobretudo para que as empresas adotem uma postura responsável e transparente ao integrar a IA – a tecnologia deverá ser usada de maneira ética e consciente.
A máquina e o ser humano deverão dialogar em harmonia e com responsabilidade para que a estratégia e consequente decisão sejam definidas com rapidez e de forma acertada, viabilizando uma coautoria empresarial e uma jornada cheia de oportunidades, capaz de transformar profundamente a maneira como as empresas operam, inovam e interagem com o mundo.
*Por Luiza Cauduro, associada do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.