Na semana passada, a integradora brasileira Digibee anunciou a captação de US$ 5 milhões em uma rodada de investimentos que contou com a participação do grupo GAA Investments, sediado na Flórida, e do executivo Laércio Albuquerque, que, com 25 anos de experiência em empresas multinacionais de tecnologia da informação, tem sob seu comando a operação da Cisco no Brasil.
A gestora de investimentos e participações já estava de olho na Digibee desde 2018, quando fez seu primeiro aporte na startup, assim como Paulo Veras, fundador da 99 Taxi. Na época, o investimento total foi de US$ 1 milhão. “A entrada do Laércio Albuquerque como investidor é impactante, pois, como parte do conselho consultivo, ele promoverá a Digibee em ações sociais, tão essenciais hoje, além de toda a experiência e o relacionamento próximo com o setor de tecnologia B2B”, diz Rodrigo Bernardinelli, CEO da integradora.
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Egresso da área comercial de grandes empresas de tecnologia, como a antiga CA Technologies (comprada pela Broadcom em 2018), Bernardinelli juntou-se a Peter Kreslins, também do setor, mas especialista na área técnica, com quem trabalhou na CA, e Vitor Souza, executivo do mercado financeiro com atuação no Santander, para criar, em junho 2017, a pedido de um grupo de fazendeiros, um marketplace que conectasse produtores orgânicos aos consumidores finais.
“Embora eles achassem que um simples app pudesse atendê-los, era preciso muito mais do que isso. Acabamos criando uma estrutura que contemplava sistema de gestão, meios de pagamento, controle de estoque, e-commerce B2B e B2C, ferramenta de automação de marketing, enfim, tudo que é necessário para que uma operação como essa funcione”, lembra Bernardinelli. “Só que, como não tinha muito dinheiro disponível, acabamos selecionando ferramentas já prontas, de prateleira. No entanto, era preciso que todos esses sistemas conversassem entre si. Em seis meses, pusemos a plataforma de pé”, conta.
A experiência acabou levando os sócios da Digibee a duas conclusões. A primeira era de que eles não entendiam nada de comércio eletrônico ou de mobilidade – e nem precisava, já que existem várias empresas fazendo isso com excelência no mercado brasileiro. A segunda é que o trio havia criado um método de integração capaz de conectar grandes sistemas legados às mais modernas ferramentas digitais de maneira muito mais simples, portanto, mais rápida (até 10 vezes) e mais barata.
Em 2018, já sediada no Cubo Itaú, em São Paulo, a startup começou a oferecer sua plataforma de integração ao mercado, uma solução nova para um problema antigo. Segundo o Gartner, metade de todos os custos e do tempo gasto em um novo projeto que envolva tecnologia deriva da integração. Ainda de acordo com o instituto de pesquisa, essa será uma necessidade de 50% das grandes empresas até 2022. Isso porque uma das principais maneiras de otimizar custos é a gestão dos sistemas e, para fazer isso de forma eficiente, eles precisam estar integrados.
Para Bernardinelli, o fator é um dos principais empecilhos para a transformação digital nas grandes empresas. “Elas precisam se concentrar na inteligência do negócio, nos algoritmos capazes de gerar insights que tragam receita, e não no back office”, diz. Ao que tudo indica, a plataforma de integração criada pela startup e oferecida como SaaS (software como serviço) está agradando. Atualmente, mais de 90 empresas usam a solução da Digibee. Entre elas, estão Dasa, RedeD’Or, Santander, Makro, Assaí Atacadista, Pernambucanas, Canon, Totvs e Accenture. Desse total, 74 foram conquistadas em 2019 e as demais este ano.
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O executivo explica, ainda, que a plataforma cria uma camada de agilidade sobre os sistemas legados que acaba facilitando a viabilidade de novos serviços. Ou seja, qualquer novo negócio pode ser rapidamente lançado. “Às vezes, oportunidades incríveis de geração de receita são represadas nas grandes companhias simplesmente porque elas não conseguem juntar duas informações.”
Segundo ele, a plataforma da Digibee é capaz de substituir toda a parafernália que as empresas usam para promover internamente suas integrações, como barramentos, ferramentas de monitoramento, desenvolvimento e segurança, gateways de API etc. “O que nós fizemos foi simplificar tudo em três telas, com uma disponibilidade muito melhor”, diz, revelando que atualmente já existem 800 profissionais técnicos treinados na plataforma atuando em empresas clientes.
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EXPANSÃO INTERNACIONAL
O novo aporte é a porta de entrada da Digibee em outros mercados. Assim que os voos forem novamente autorizados, Bernardinelli vai se mudar, definitivamente, para Nova York, para explorar o território norte-americano – responsável por 45% do mercado global de tecnologia –, onde a startup já atende três clientes, cujos nomes prefere não revelar por enquanto.
Para ele, o timing não poderia ser melhor. Com a crise econômica causada pela pandemia de Covid-19, a palavra de ordem é economia. “Oferecemos uma redução significativa de custos que pode chegar a 90%”, diz. “Hoje, nossa maior tração é em varejo, finanças e healthcare, mas a plataforma pode ser utilizada por empresas de qualquer segmento e localizadas em qualquer país do mundo.”
Essa necessidade já foi sentida por aqui. A Digibee teve, no primeiro trimestre de 2020, o melhor resultado dos seus três anos de vida. Nos quatro primeiros meses deste ano, a startup teve faturamento igual a 2019 inteiro. “Para 2020, a meta é crescer quatro vezes.”
Uma vez lá, a ideia é uma nova rodada de investimentos, provavelmente no início de 2021, que possa financiar a entrada da empresa na Europa e na Ásia. “A América Latina está sendo atendida pelos canais”, explica Bernardinelli, explicando que a região é responsável por apenas 5% do mercado de TI.
“Aquele time no qual a gente apostou, há um ano e meio, atingiu um crescimento absurdo. Estamos sonhando alto com a Digibee, com essa bandeira que está sendo fincada nos Estados Unidos”, diz Geraldo Neto, cofundador do GAA Investments.
Para Laércio Albuquerque, a startup tem tudo para alçar voos ainda mais altos, como a abertura de capital na bolsa. “É a tecnologia brasileira ganhando espaço no mercado internacional.”
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