A fintech curitibana Ebanx lançou sua startup de logística nos Estados Unidos, em um movimento que busca aumentar o apelo do mercado brasileiro para empresas internacionais de e-commerce e melhorar a experiência de consumidores que compram nestes sites.
A Leve, que cuida de toda a jornada de itens comprados em sites de e-commerce estrangeiros até o consumidor, iniciou as atividades em solo norte-americano no início do agosto. O lançamento segue meses de integrações e testes com parceiros locais para aspectos que vão desde a armazenagem e frete interno até operações aeroportuárias.
LEIA MAIS: EXCLUSIVO: Consumo da classe média e baixa no e-commerce internacional resiste à crise
Através da Leve, varejistas dos Estados Unidos vão começar a enviar pacotes para o Brasil nas próximas semanas. Clientes Ebanx naquele mercado incluem a Wish, startup californiana de itens de decoração. Apesar de a integração ser mais simples para empresas que já processam pagamentos com a fintech, a empresa de logística é agnóstica em relação a novos clientes.
Com sua nova operação logística, a Ebanx se posiciona como um parceiro estratégico de empresas norte-americanas que querem alcançar clientes brasileiros e ainda não o fazem por conta de entraves como a experiência precária que consumidores por aqui atualmente têm ao comprar produtos de sites de e-commerce internacionais.
Essa experiência de compra ruim é explicada pela falta de opções logísticas adequadas, que limitam o potencial do comércio eletrônico entre os Estados Unidos e Brasil. Segundo Gabriela Rodrigues, gerente do projeto da Leve, o sistema postal é lento e não permite o acompanhamento da trajetória das encomendas, ao passo que nos envios feitos por empresas de courier, todos os produtos são taxados e o custo total costuma ultrapassar 120% do valor inicial do produto.
“Nossos primeiros clientes estão vendo a Leve realmente como a ponte que vai ajudar o e-commerce dos Estados Unidos a chegar ao Brasil com qualidade e preço competitivo”, ressalta.
A nova empresa, que tem sede no Brasil mas começou a operar na China em fevereiro, prometia entregas de compras destes sites de e-commerce por aqui em aproximadamente 17 dias corridos, antes da pandemia. Atualmente, itens provenientes tanto da China quanto dos Estados Unidos chegam em até 20-25 dias – quase a metade do prazo do arranjo padrão, em que pacotes levam 45 dias em média para serem entregues.
Segundo a empresa, mais de 175 mil pacotes foram enviados da China para o Brasil desde que as operações tiveram início, de diversos marketplaces e e-commerces chineses, bem como de marketplaces brasileiros.
Em seu armazém de encomendas em Miami, na Flórida, a Leve faz o recebimento dos itens, bem como o manuseio, etiquetagem e envio dos pacotes para consumidores brasileiros. A empresa se certifica de que as etiquetas dos pacotes contém as informações exigidas pelas autoridades brasileiras, e rastreia os itens desde o momento da saída no país de origem até a entrega, tanto para o consumidor quanto para o site de e-commerce.
Uma vez que o pacote chega ao Brasil, passa pelos processos alfandegários brasileiros, que avaliam se a tributação é necessária – essa etapa pode durar vários dias. Segundo a Leve, o mesmo processo leva cerca de um dia útil para as encomendas que foram processadas pela startup, por conta da padronização das informações de envio de acordo com o que é exigido por aqui.
No caso da tributação, a startup informa o consumidor para que o pagamento seja feito e a encomenda seja liberada. De acordo com a empresa, as medidas também contribuem para que as taxas de abandono de encomendas seguidas de solicitações de estorno sejam reduzidas. No evento de falha na entrega, a Leve alerta o site onde o item foi comprado, para que a empresa tome providências.
Segundo a empresa, o fornecimento das informações em conformidade com as exigências das autoridades brasileiras também evita despesas adicionais como o despacho postal, taxa dos Correios que é cobrada para o manuseio das encomendas e atividades como a disponibilização de informações ao importador para o desembaraço da remessa via internet.
Siga todas as novidades da Forbes Insider no Telegram
Mesmo em um momento em que uma revisão da globalização está presente na fala de muitos executivos globais, o Ebanx acredita que o segmento de e-commerce internacional vai continuar crescendo em mercados latino-americanos como o Brasil, segundo André Boaventura, sócio e chief marketing officer do Ebanx e diretor da Leve.
“O consumo online vai crescer em todas as esferas: o mercadinho local que antes só vendia fisicamente, hoje vende por WhatsApp e por aplicativo de delivery. Mas o mesmo consumidor que compra no mercadinho, já se acostumou que pode ter acesso a uma variedade de produtos e preços muito diferentes quando pode comprar do mundo todo”, explica o executivo.
E continua: “Ele quer a pizza do bairro, mas a peça especial para sua bicicleta só vende nos Estados Unidos – e até ontem ele precisava viajar até lá para ter acesso. Agora, ele compra sem sair de casa, paga parcelado no cartão brasileiro e pode receber em qualquer cidade do Brasil em poucas semanas”.
O apelo do comércio eletrônico cross-border também é grande da perspectiva dos varejistas, diz Boaventura, pois o mercado norte-americano é grande, porém competitivo e caro. “Vender para o Brasil é aumentar seu mercado consumidor em 200 milhões de pessoas, pagando uma fração do custo de marketing digital que ele precisa investir nos Estados Unidos”, ressalta.
Em maio deste ano, a Ebanx publicou um estudo sobre a influência da Covid-19 no consumo online. Com base nos insights de sua consulta com mais de 1.500 pessoas que já compram em plataformas de e-commerce internacionais, a empresa descobriu que brasileiros pretendem não só manter, mas aumentar o gasto nestes sites depois que a pandemia for superada.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Participe do canal Forbes Saúde Mental, no Telegram, e tire suas dúvidas.
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.