O dólar operava em forte queda contra o real hoje (28), em dia de maior apetite por risco no exterior diante da expectativa de flexibilização das quarentenas nas principais economias, mas a possibilidade de volatilidade permanece à medida que os investidores seguem atentos à trama política doméstica.
Às 10:14, a moeda norte-americana recuava 1,70%, a R$ 5,5675 na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha queda de 1,69%, a R$ 5,5615.
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“Os investidores ainda reagem positivamente à perspectiva de relaxamento do distanciamento social em vários países da Europa”, disse o Bradesco em boletim diário, citando também expectativa em relação às reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central Europeu desta semana.
Após semanas de quase estagnação na atividade dos negócios em meio a medidas de distanciamento social, países como Itália e Espanha se preparam para relaxar as quarentenas e permitir que lojas, empresas e fábricas voltem a abrir suas portas. Nos Estados Unidos, alguns Estados seguem os mesmos passos em direção a uma reabertura da economia.
No exterior, o otimismo diante desse cenário impulsionava o apetite por ativos arriscados, como rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, e o real acompanhava esse movimento de pressão sobre o dólar.
Enquanto isso, no cenário doméstico, os investidores seguem atentos aos desdobramentos políticos, que têm elevado a cautela e a volatilidade nos últimos dias.
Após o pedido de demissão de Sergio Moro do cargo de Ministro da Justiça e boatos sobre a saída de Paulo Guedes da Economia, o presidente Jair Bolsonaro alinhou o discurso do governo ontem (27) e deixou claro que Guedes continua com a palavra final nos gastos federais.
“Dentre todos os problemas criados pela demissão do ex-ministro Sergio Moro, o mais claro deles estaria a perspectiva de manutenção de Paulo Guedes”, comentou em nota a Infinity Asset. “Agora, com o discurso de Guedes ontem junto ao presidente, reiterando o total controle da economia ao ministro (…), Guedes retoma sua posição e alivia a tensão do mercado.”
Em meio à abertura de inquérito criminal para apurar acusações feitas pelo ex-ministro Moro contra o presidente, falas sobre um possível impeachment ou renúncia de Bolsonaro têm emergido nos mercados.
Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, questionado sobre eventual impeachment, que o Parlamento não será instrumento de turbulências e crise política, o que poderia trazer mais incertezas e dar “contornos ainda mais graves” à crise da pandemia do coronavírus.
“Este é um momento de suma importância para o alívio das tensões políticas, pois além dos países estarem próximos ao pico das reações econômicas negativas da crise viral, uma parte significativa começa a sinalizar a retomada das atividades”, avaliou a Infinity Asset.
A moeda norte-americana spot fechou o pregão anterior, ontem, com variação negativa de 0,07%, a R$ 5,6639 na venda. No ano de 2020, em um cenário de juros baixos agravado pelas consequências econômicas da pandemia, o dólar acumula alta de cerca de 38% contra o real.
Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento junho de 2020. (Com Reuters)
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