O dólar começou a semana em alta e fechou hoje (11) na segunda maior cotação da história, com um combo de incertezas no plano doméstico mais uma vez impondo ao real o título de moeda com pior desempenho global na sessão.
O mercado segue desconfortável com o ambiente fiscal e operou em modo cautela na véspera de o Banco Central divulgar detalhes sobre a decisão da semana passada de aprofundar o corte de juros e sinalizar mais afrouxamento monetário.
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O dólar à vista saltou 1,47%, a R$ 5,8242 na venda, atrás apenas do fechamento do último dia 7 (R$ 5,8399 na venda).
A pressão no câmbio fez o BC anunciar leilão de até 10 mil novos contratos de swap cambial tradicional já perto do fim da sessão no mercado à vista, com colocação do lote integral.
Na B3, o dólar futuro tinha alta de 1,30%, a R$ 5,8255, às 17h14.
O dólar subia contra boa parte de seus rivais nesta segunda, com peso mexicano – um dos pares mais próximos do real – em queda de 1,3% no fim da tarde. Mas a moeda brasileira recorrentemente tem sofrido mais do que as de outros países emergentes, com investidores elegendo o risco em torno das contas públicas como o fiel da balança neste momento.
“Por mais que se pense que o real está fora de seu equilíbrio – com alguns falando que seria perto de R$ 4,75 –, não dá para começar a ir contra o movimento de depreciação cambial sendo que você pode entrar num cenário em que a visão sobre a dinâmica fiscal está longe de ser animadora”, disse Cleber Alessie, operador da Commcor DTVM.
O Itaú Unibanco informou nesta segunda-feira ter piorado de 8% para 10,2% do PIB sua estimativa para déficit primário em 2020, para o equivalente a R$ 735 bilhões. O banco vê resultado nominal – que inclui os juros da dívida – negativo em 14,2% do PIB neste ano, ante déficit de 5,9% do PIB em 2019.
“O risco de deterioração fiscal maior, a contração mais intensa da atividade econômica e os juros mais baixos nos levaram a revisar o nosso cenário de taxa de câmbio”, disseram os economistas do Itaú na expressiva revisão de cenário divulgada nesta segunda-feira.
O banco passou a ver dólar em R$ 5,75 ao fim de 2020 e em R$ 4,50 ao fim de 2021. Antes, as projeções estavam em R$ 4,60 e R$ 4,15, respectivamente.
Mais cedo, analistas consultados pelo BC voltaram a reduzir a expectativa para a taxa básica de juros neste ano e passaram a prever contração econômica de mais de 4% em 2020.
O mercado comentou ainda nesta sessão ruídos em torno da possibilidade de o Senado votar na semana que vem aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeiras, num momento em que o governo aumenta gastos contra a pandemia. (Com Reuters)
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