O dólar registrou hoje (28) a maior alta diária ante o real em três semanas, de uma só vez mais do que apagando as perdas de ontem (27), com uma recomposição de posições em meio ao acirramento da “briga” pela Ptax de fim de mês e a uma cena política doméstica ainda inspirando cautela.
O mercado realizou lucros depois de ter vendido dólares nos seis pregões anteriores, período em que a cotação caiu 8,30% – maior desvalorização para o período desde janeiro de 2009.
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O dólar operou em alta durante toda esta quinta-feira, mas acelerou o movimento perto do fim da sessão, conforme os mercados externos pioraram o sinal, um dia antes de o presidente dos EUA, Donald Trump, realizar coletiva de imprensa sobre a China, num momento de recrudescimento das tensões entre as duas maiores economias do mundo.
No mercado à vista, o dólar subiu 1,95%, a R$ 5,3860 na venda, maior alta desde 7 de maio (+2,39%).
Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento – ainda o mais líquido – tinha valorização de 2,16%, a R$ 5,3900, às 17h25.
O mercado tende a ficar mais volátil no fim do mês, quando se intensifica a “disputa” entre comprados e vendidos em dólar na B3 em busca de uma Ptax mais conveniente a suas operações. A Ptax é a taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de contratos futuros e outros derivativos.
Mas o clima político também seguiu como fator para os negócios. O presidente Jair Bolsonaro voltou a direcionar críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e demonstrou irritação com operação da Polícia Federal que, na véspera, cumpriu mandados de busca e apreensão contra pessoas aliadas a ele e acusadas de envolvimento na produção e distribuição e fake news.
O presidente disse que “não haverá mais outro dia como ontem” e que “acabou”, em referência às operações da PF.
Ao ser questionado sobre as falas de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), respondeu que “frases como essa apenas criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições e isso é ruim”.
O real teve a pior performance entre as principais moedas nesta sessão, após dias em que liderou os ganhos, mas o Banco Central não realizou operações extraordinárias no mercado de câmbio.
Em apresentação divulgada nesta quinta, o diretor de Política Monetária da instituição, Bruno Serra, afirmou que a utilização pelo BC de todo o arcabouço de instrumentos cambiais disponíveis foi positiva e reiterou que o foco da autoridade monetária é no bom funcionamento do mercado.
A apresentação de Serra trouxe gráficos que chamaram atenção do mercado financeiro, sobretudo os de saídas de capital do mundo emergente e do Brasil.
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Na avaliação de estrategistas do JPMorgan, as saídas de recursos do Brasil podem persistir, o que pressionaria o câmbio e as taxas de juros.
“Permanecemos neutros em relação ao real, pois a moeda pode se valorizar em meio a um dólar mais fraco globalmente, mas as idiossincrasias e os preços não são particularmente atraentes”, disseram profissionais em nota recente.
“O real tem sido a moeda de performance mais fraca no mundo emergente no acumulado do ano, e esse desempenho inferior provavelmente continuará no curto prazo.”
No ano, o real perde 25,49% ante o dólar, lanterna entre 34 rivais da moeda dos EUA. (Com Reuters)
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