A pergunta sobre a alta do dólar tem sido repetida semana após semana. O que provoca esse questionamento é o acréscimo de incertezas. Temos, novamente, a guerra comercial entre Estados Unidos e China em debates acalorados, além de contar com uma disputa política no Brasil que está longe de terminar.
Um possível gatilho para o câmbio chegar próximo de R$ 6 seria um posicionamento do Banco Central mais inclinado a reduzir juros de maneira mais rápida. Em outras palavras, caso a entidade surpreenda o mercado com um corte maior do que o precificado. Ou uma variação disso, um comunicado/ata em que indique que o fará em breve.
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Por mais que a postura atual do BC tenha sido conservadora, não podemos excluir o cenário descrito. Os dados de atividade têm se mostrado preocupantes. A Fenabrave informou que as vendas de veículos caíram 75,9% em abril na comparação anual. Os shoppings que já reabriram apontam queda de 80% das receitas. A magnitude do choque assusta.
Com a atividade mais fraca em mente, temos também o IPCA no campo deflacionário. Mais um vetor pressionando por cortes maiores. Ao olhar para o comportamento dos itens no IPCA, vemos que o choque deflacionário do petróleo mais do que compensou qualquer contraponto inflacionário. Mesmo com uma demanda inesperada em supermercados ou até a discussão do efeito do câmbio mais desvalorizado nos preços.
Essa via está aberta para discussão – caso o BC prossiga, devemos ter um câmbio ainda mais desvalorizado no curto prazo.
Além de tudo isso, não surgem sinais internos de uma coesão política, que implicaria em uma aprovação de medidas importantes de forma mais acelerada. A retomada se desenha como algo bem lento internamente, enquanto as principais economias do mundo estão injetando recursos de forma bem agressiva.
Porém, nossa economia não deve caminhar para juros nominais próximos a zero como os países desenvolvidos devem manter por um período prolongado. O comportamento do índice de preços ainda está longe de ter uma tendência deflacionária de médio prazo como vemos nessas nações. Além de termos que cuidar das contas externas, o que minimamente atrairá recursos em um momento futuro de alta de juros.
A conclusão é que maio tem bem mais elementos jogando a favor de um câmbio mais desvalorizado. Mas o mesmo contexto que levaria a moeda brasileira para um patamar mais fraco, também joga a favor de um valorização no médio prazo.
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