Não é novidade que o mercado financeiro segue atraindo cada vez mais investidores e curiosos em aprender e conhecer mais sobre o universo das ações. No início de outubro, o número de novos CPFs cadastrados na Bolsa Brasil Balcão (B3), a bolsa de valores oficial do Brasil, ultrapassou a marca de 3 milhões.
Mas para entrar nesse mundo com segurança, investindo em bons ativos e ciente dos riscos, o conhecimento de técnicas e o entendimento sobre o funcionamento do mercado de ações são de extrema importância.
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“Muita gente está entrando na bolsa, mas não entende o que são ações, o que é esse mercado, capital aberto ou fechado e etc. Quem não tem muito conhecimento acaba entrando via assessor de investimentos. Essa pode ser uma solução, mas em longo prazo, estudar é o caminho. Quanto maior o conhecimento, menor o risco”, explica Renato Arakaki, CEO e cofundador da Business Training Company.
Abaixo confira algumas dicas e métricas recomendadas por especialistas.
Quando entrar em um IPO?
O IPO (Initial Public Offering) é a primeira oferta de ações de uma empresa quando ela passa a ser listada em bolsa. No IPO, o investidor compra os ativos diretamente da empresa emissora das ações no mercado primário, enquanto as negociações de compra e venda após o IPO acontecem de investidor para investidor, sem a participação da empresa, e no mercado secundário.
Para Arakaki, no entanto, os investidores menos experientes devem evitar os IPOs. “Essa é a primeira precificação do mercado e para avaliar o ativo é necessário bastante conhecimento, por isso o grande volume é de investidores qualificados (com pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras). É um investimento de maior risco porque não existe histórico da empresa”, avalia.
Analisando empresas
Avaliar a saúde financeira de uma companhia, os planos para o futuro e as perspectivas para o setor econômico em que ela atua são algumas das outras opções dos investidores. Entre as métricas para analisar uma empresa, Gustavo Habib, General Manager na BTC, recomenda olhar para o lucro bruto e para a margem bruta da companhia. “A relação entre o que sobra após os custos e a receita indicam que a empresa tem mais espaço para trabalhar despesas de marketing e desenvolvimento de forma sustentável. Uma alta margem bruta mostra que a empresa gera valor ao cliente e também pode ter flexibilidade para efetuar descontos durante certo tempo e ganhar fatias de mercado sem ficar na corda bamba,” explica.
O investidor pode relacionar também o EBITDA com a dívida líquida da companhia, analisando a capacidade de pagamento das dívidas da organização com os resultados de suas operações. “O endividamento não é necessariamente algo ruim (inclusive pode contribuir para o aumento do retorno, se bem administrado), porém caso seja exacerbado, pode se tornar insustentável em pouco tempo – principalmente se houver uma crise inesperada”, comenta Habib.
O ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) é também uma das métricas que os investidores podem utilizar, já que indica qual é o resultado das operações de acordo com os recursos que foram utilizados. Habib explica que “essa medida é o que avalia se faz sentido colocar energia (dinheiro) naquela operação ou se é melhor partir para outra empreitada buscando maiores retornos.”
Dicas dos especialistas
Mas como saber se uma margem bruta é boa ou ruim? Arakaki explica que os investidores podem utilizar empresas comparáveis, ou seja, olhar para os números das concorrentes para poder avaliar melhor as empresas. “O investidor com pouco conhecimento pode analisar o Preço sobre Lucro (P/L) da empresa e comparar o Preço sobre Lucro (P/L) da concorrente”, explica o CEO.
Arakaki reforça ainda que o segmento em que as empresas atuam pode ser, às vezes, mais importante do que a eficiência operacional, já que alguns setores da economia podem estar vivendo momentos muito positivos ou muito negativos, impactando a performance das companhias que atuam nele.
“O investimento em ações é um negócio de longo prazo e o mercado financeiro é majoritariamente técnico. O investidor não deve fugir da sua estratégia e analisar os fundamentos para escolher os ativos, além de estudar o mercado”, recomenda Arakaki.
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