O dólar começou junho em firme alta ante o real, que teve o pior desempenho entre as principais moedas na primeira sessão do mês, conforme as operações domésticas reagiram a um noticiário doméstico ainda visto com cautela.
Com a moeda brasileira liderando as perdas globais na sessão de hoje (1), o Banco Central anunciou dois leilões no mercado à vista, vendendo um total de US$ 530 milhões das reservas, o que sugere saídas líquidas de recursos do mercado local. Mesmo com os leilões, o dólar apenas saiu das máximas e seguiu em firme alta.
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Analistas comentam que continua o movimento de compra de dólares por bancos para desmonte de overhedge, que passou a ser tributado pelo governo.
O dólar à vista fechou em alta de 0,82%, a R$ 5,3843 na venda. No pico do dia, a divisa foi a R$ 5,4200, apreciação de 1,49%. Na mínima, atingida ainda pela manhã cedo, desceu a R$ 5,3110, queda de 0,55%.
Na B3, o dólar futuro tinha ganho de 0,88%, a R$ 5,3905, às 17h03.
Agentes de mercado citaram que o dólar vem de depreciação intensa nas últimas semanas desde que fechou na máxima recorde nominal de R$ 5,9012 em 13 de maio, o que aumenta chances de correções para cima. A moeda caiu 9,50% entre 13 de maio e o fim do mês passado.
Mas profissionais avaliam que a “underperformance” do real sugere questões idiossincráticas afetando a moeda e citam novo acirramento das tensões políticas nos últimos dias.
“Acho que essas imagens (dos protestos) rodando o mundo, todas as notícias sobre a crise de saúde aqui geram insegurança no investidor estrangeiro, elevando a percepção de risco”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil.
Embates entre manifestantes pró e contra o presidente Jair Bolsonaro durante o fim de semana em São Paulo, com a polícia intervindo com bombas de gás lacrimogêneo, evidenciaram tensões políticas ainda presentes no país, num momento em que a pandemia se agrava e indicadores econômicos apontam recessão histórica.
Analistas de mercado tornaram a piorar nesta segunda-feira expectativas para o desempenho neste ano da economia brasileira, que caminha para recessão em 2020, minando a atratividade do país como destino de investimentos em meio à perspectiva de que a taxa de juros renove mínimas históricas.
A volatilidade implícita das opções de dólar/real de três meses segue perto de 20%, não distante das máximas alcançadas em março, quando os mercados entraram em queda livre por causa dos efeitos da pandemia da Covid-19. A manutenção da volatilidade nesses níveis indica expectativa de intenso vaivém nos preços do câmbio no curto prazo.
Fernando Bergallo, sócio da FB Capital, afirmou que o mercado aparentemente encontrou um nível de suporte para o dólar, o que também dificulta a continuidade da descompressão vista recentemente.
“A moeda caiu a uma mínima de R$ 5,31 hoje, e a grande maioria dos bancos vê dólar em torno de R$ 5,40 no fim do ano, então a cotação perto de R$ 5,20, R$ 5,30, nesse contexto, parece barata”, explicou.
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