O presidente norte-americano, Donald Trump, sempre se mostrou preocupado com a sua reeleição. Gostando ou não da pessoa, ele notavelmente entende a importância de criar uma narrativa positiva para garantir os votos necessários. Atualmente, a narrativa não poderia ser mais negativa.
Trump foi um famoso apresentador de televisão, assim, trabalhar com o pensamento de massas é algo natural para ele. Para entender o pensamento que o move, é importante mencionar o documentário “Get me Roger Stone”. O filme retrata os bastidores da campanha de 2016, e vemos em determinado momento o marqueteiro, que é o personagem título, falando “O eleitor médio americano não sabe diferenciar muito bem um reality show das eleições americanas”.
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Pensando em 2020 como um reality show, essa é de longe a pior temporada, das quatro em que Trump esteve na Casa Branca.
Vamos olhar primeiro para a economia. As projeções dos dirigentes do Fed, o banco central dos EUA, divulgadas no dia 10 de junho, apontam que a economia deve contrair 6,5% no ano, enquanto o desemprego deve encerrar em 9,3%. Essa era uma das principais bandeiras de seu governo, que manteve o pleno emprego nos últimos três anos e cresceu acima do seu potencial. Ainda que impulsionado por um estímulo fiscal de corte de impostos inadequado para aquele momento. O país seria bem mais beneficiado agora que está em dificuldades.
Os protestos sempre ocorreram, mas a escalada nacional que estamos observando nas últimas semanas afeta demais a popularidade de Trump. Considerando uma média de pesquisas americanas, o presidente conta com 54,7% de desaprovação e 40,9% de aprovação. Com clara tendência de piora recente, como vemos no gráfico.
Ainda falando sobre pesquisas, o candidato democrata Joe Biden sempre liderou. A novidade vem do mercado de apostas, que pela primeira vez começou a enxergar Biden como o favorito a ser eleito, como podemos ver no gráfico.
Uma derrota de Trump quebraria uma tradição que já dura 28 anos, nenhum presidente perdeu a reeleição. A última vez que isso correu foi em 1992, quando Bill Clinton (Dem) venceu George H. W. Bush (Rep).
O risco é real e cada vez maior. O presidente tenta pressionar ao máximo governadores pela reabertura de suas economias, buscando criar um momento positivo. A ideia é mostrar que os esforços pessoais, para garantir pacotes de trilhões de dólares de socorro, salvaram empregos e a atividade.
Em outra frente, seguirá culpando a China por toda a crise gerada no ano. Algo que não tem colado com a população. Diferente da guerra comercial, em que o eleitor basta apenas acreditar nas palavras do presidente. Isso pois não é tão palpável para todos o real efeito da disputa de tarifas na economia. A crise atual é atualizada diariamente em número de mortos.
Em qualquer das frentes, vemos que é bem mais complicado criar um discurso que não seja de minimizar danos recentes.
Joe Biden, em sua estratégia, vem apoiando os protestos, o que é levemente arriscado com o eleitor mais conservador. Ainda acusa o governo atual de apoiar apenas a recuperação de empresas. Por enquanto, está se traduzindo em números, e o aproximando da Casa Branca.
Na virada do ano, a reeleição parecia altamente provável. Do jeito que a narrativa anda, a ideia de uma mudança se torna cada vez mais sedutora.
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