O dólar caiu ante o real hoje (3) com a moeda brasileira entre os destaques globais após dados positivos da China fortalecerem esperanças de recuperação da demanda da segunda maior economia do mundo e maior parceira comercial do Brasil.
O dólar à vista fechou em queda de 0,55%, a R$ 5,3205 na venda. Na semana, a moeda perdeu 2,65%, a primeira baixa depois de três altas semanais consecutivas.
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As operações mostraram volatilidade especialmente na parte da manhã. A partir de 12h, contudo, a moeda se estabilizou em queda, indo às mínimas do dia já perto do encerramento do pregão.
Logo após a abertura, a cotação bateu a máxima do dia, de R$ 5,3814 (alta de 0,59%). À tarde, caiu a R$ 5,306 (baixa de 0,82%).
A sexta-feira foi de volume de negócios bem menor que a média, em dia sem a referência dos mercados norte-americanos, fechados por antecipação ao feriado do Dia da Independência, comemorado em 4 de julho.
O volume de contratos negociados no mercado futuro de dólar comercial na B3 não chegava a 128 mil no fim da tarde, 37% da média diária das últimas 30 sessões. No atual ritmo, o giro caminha para ser o menor desde 20 de janeiro.
De toda forma, investidores saudaram dados positivos do setor de serviços da China como indicação de força na segunda maior economia global –e a primeira a ser afetada mais severamente pela crise do Covid-19. O PMI de serviços do Caixin/Markit subiu a 58,4 em junho, leitura mais alta desde abril de 2010. A marca de 50 separa crescimento de contração.
A China é o principal destino das exportações brasileiras, e uma retomada da atividade no país asiático pode indicar maior demanda por mercadorias e, assim, maior sobra de dólares na balança comercial. Na véspera, dados mostraram superávit comercial recorde para o mês de junho no Brasil.
O dólar ainda sobe 32,58% em 2020, o que mantém o real com o nada honroso título de moeda de pior desempenho no ano. Analistas do Itaú Unibanco e do Rabobank atualizaram projeções para a taxa de câmbio, citando volatilidade e incertezas sobre fluxo de capital.
O Itaú manteve estimativa de dólar a R$ 5,75 ao fim de 2020. “Ao longo deste ano, o fluxo de capitais para o Brasil deve ser negativo, por causa do risco fiscal ainda elevado, da contração acentuada da atividade econômica e do cenário de juros baixos”, disse o banco. Para 2021, contudo, a projeção é de valorização da taxa de câmbio, com o dólar em queda a R$ 4,50 por expectativa de retomada do crescimento econômico.
Já o Rabobank vê o dólar em R$ 5,45 ao fim de 2020, com a moeda indo a R$ 5,10 ao término de 2021. “A volatilidade vista em junho provavelmente deve permanecer até o final do ano”, afirmaram analistas do banco, atrelando esse cenário a tensões entre EUA e China, eleições nos EUA e uma segunda onda do Covid-19. “Do lado doméstico, as causas são as incertezas criadas pelo Covid-19 e seus consequentes custos fiscais.”
Em carta mensal, a área de gestão do fundo Opportunity Total FIC FIM disse manter postura mais “tática” no mercado de moedas, com posições “menos relevantes” para o fundo. A avaliação é que um ambiente econômico “favorável” na esteira do arrefecimento das preocupações com a pandemia deve diminuir a pressão sobre as divisas emergentes.
“No entanto, em função da liderança do EUA no processo de recuperação global, não acreditamos que o dólar embarque em uma trajetória de enfraquecimento no curto prazo. Neste contexto, preferimos manter uma postura mais flexível”, concluíram. (Com Reuters)
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