O dólar fechou a volátil sessão de hoje (24) em leve queda, depois de subir quase 0,8% mais cedo, com o vaivém nos preços da moeda seguindo um dia instável nos mercados internacionais, em meio a temores sobre as relações entre Estados Unidos e China.
O dólar à vista caiu 0,14%, a R$ 5,207 na venda. Na semana, o dólar perdeu 3,26%, a mais forte desde a semana finda em 5 de junho. Em julho, a cotação recua 4,28%, mas ainda dispara 29,76% em 2020. Na B3, o dólar futuro rondava estabilidade, a R$ 5,2140, às 17h27.
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No exterior, o dólar bateu mínimas em quase dois anos, com avaliações de que a economia norte-americana pode perder ritmo em sua recuperação diante do aumento de casos de Covid-19 no país.
Esse temor voltou a pressionar as bolsas, além dos receios de potenciais impactos econômicos decorrentes de tensões EUA-China. O índice S&P 500 da Bolsa de Nova York caiu 0,64%, segundo dados preliminares.
No mercado de moedas, o iene e o ouro –tradicionais ativos de refúgio– tiveram firmes altas, com o metal mirando máxima recorde. Moedas emergentes e correlacionadas às commodities –como o real– tiveram no geral um dia de debilidade.
O noticiário cauteloso no exterior corroborou a volatilidade do câmbio no Brasil. O dólar oscilou no dia entre alta de 0,76%, a 5,2541 reais, e queda de 1,03%, a 5,1609 reais.
Mais um integrante do Banco Central falou sobre a instabilidade nas cotações nesta sexta-feira. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a volatilidade cambial incomoda e está sendo estudada pela autoridade monetária, mas que há entendimento de que os instrumentos dos quais o BC dispõe não são adequados para atuar nesse sentido.
O IPCA-15 de julho, divulgado nesta sexta e que veio abaixo do esperado, também foi citado como elemento a embaralhar os movimentos do câmbio, uma vez que deu argumentos para quedas nas taxas de juros futuros negociadas na B3 –movimento que, em tese, reflete mais apostas de cortes da Selic.
As sucessivas reduções no juro básico da economia foram citadas por muito tempo como razão para a maior pressão sobre o dólar, uma vez que diminuíram o retorno da renda fixa doméstica e deixaram o Brasil em desvantagem em termos de “yield” quando comparado a seus pares emergentes –prejudicando o cenário para fluxos.
Para Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas, “alguma suspeita” de que a volatilidade do câmbio esteja relacionada ao nível de juros pode fazer com que o Banco Central pare de cortar a Selic depois de um afrouxamento monetário de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em agosto.
Roberto Campos, gestor sênior de câmbio na Absolute Investimentos, avaliou que a narrativa de que a volatilidade cambial é fruto do patamar da Selic é “uma tese ainda não provada”, mas contribui para afastar das operações cambiais investidores apegados a fundamento, o que abre espaço para maior influência de posições de curtíssimo prazo, geralmente de maior volatilidade.
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“Então vira um mercado de day trade, de muito gráfico, técnico”, disse. “O que se tem de não volátil é o entendimento de que o real seguirá volátil”, completou.
A volatilidade implícita nas opções de dólar/real para três meses estava em 18,7% nesta sexta, quase 2 pontos percentuais acima de mínimas de apenas dois dias atrás. Apesar de a alguma distância dos patamares de mais de 22% do fim de junho, a volatilidade do real se mantém como a mais alta entre as principais moedas emergentes. (Com Reuters)
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