O BV teve queda no lucro do segundo trimestre, com os efeitos da pandemia da Covid-19 levando o banco focado em financiamento automotivo e em crédito para grandes empresas a perder receitas e elevar provisões para perdas com calotes, mas prevendo que o índice de inadimplência tende agora a cair.
A instituição controlada pelo Grupo Votorantim e pelo Banco do Brasil anunciou ontem (6) que teve lucro líquido de R$ 222 milhões entre abril e junho, 37% a menos do que um ano antes.
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O principal peso no resultado foi o salto de 61% ano a ano da reserva para prejuízos esperados com calotes, o chamado custo do crédito, para R$ 871 milhões. Para o trimestre anterior o BV já fizera uma provisão nesta linha de R$ 916 milhões.
Mas, além disso, a receita com tarifas teve um tombo de 23,7% no comparativo anual, para R$ 384 milhões, refletindo a queda de novos contratos de financiamento de veículos, na esteira das medidas de isolamento social.
Segundo o presidente-executivo do BV, Gabriel Ferreira, as atividades no setor reagiram fortemente no final do trimestre e, em julho, já estavam no mesmo nível de um ano antes. Com a taxa de juros nas mínimas históricas, a demanda por crédito para compra de carros seminovos deve se manter, prevê.
“Embora ainda haja muita incerteza ligada às consequências econômicas da Covid-19, para nós está claro que o pior já ficou para trás”, disse ele em entrevista à Reuters.
De acordo com Ferreira, o BV percebeu que as operações originadas entre fevereiro e março refletiram mais fortemente os efeitos da pandemia, mas que de abril em diante os níveis de atrasos ficaram dentro da normalidade. O banco concedeu carência nos pagamentos a cerca de 1 milhão de clientes, medida que também foi adotada por outras instituições financeiras do país.
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“Passada essa carência, percebemos que o ciclo de pagamentos está muito bom e parece que a inadimplência teve pior momento no segundo trimestre”, afirmou.
O índice de inadimplência acima de 90 dias no BV fechou o trimestre em 5,2%, após ter batido em 4,5% no fim de março e em 4,4% no final de junho de 2019.
Alguns fatores ajudaram a amortecer o efeito dessas pressões sobre a última linha do resultado. Um deles foi a forte demanda de grandes empresas por financiamento nas primeiras semanas da crise, o que fez o BV fechar o trimestre com uma carteira de crédito ampliada de R$ 68,8 bilhões, alta de 1,2% na base sequencial e de 11,4% ano a ano.
Além disso, o banco apertou o cinto, fazendo a despesa administrativa e com pessoal cair 14,1% ano a ano, para R$ 435 milhões.
A instituição também manteve aceleração em novos negócios, como os de financiamento estudantil, crédito via fintechs e para compra de painéis solares, que fecharam junho em R$ 2,5 bilhões, alta de 28% em 12 meses.
IPO
Uma das companhias que tiveram os planos de listagem na bolsa atropelados pelos efeitos da pandemia, o BV deve retomar o processo mais adiante, segundo o executivo.
“Historicamente, setor financeiro é o último a voltar para o mercado de capitais após uma crise, porque os investidores potenciais querem ver, entre outras coisas, se a qualidade dos ativos seguiu resiliente”, disse Ferreira.
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Mais cedo, o presidente do BB, Rubem Novaes, afirmou que BB a instituição poderá retomar os planos de IPO do BV até o final do ano.
“Assim que tiver uma condição de mercado adequada, nós vamos voltar”, afirmou o presidente do BV. (Com Reuters)
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