O dólar fechou em alta acentuada contra o real hoje (17), registrando máxima em quase três meses e refletindo ruídos domésticos em torno da agenda fiscal, com especulações sobre possível saída de Paulo Guedes do Ministério da Economia.
O dólar registrou ganho de 1,26%, a R$ 5,4959 na venda, maior patamar para encerramento desde o dia 22 de maio, quando a divisa havia fechado em R$ 5,5739.
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Na máxima intradia, a moeda norte-americana saltou 1,61%, a R$ 5,5150, máxima desde 25 de maio, depois de ter registrado queda de 0,16% na mínima do dia, a R$ 5,4098.
Enquanto isso, na B3, onde os negócios vão até as 18h, o dólar futuro subia 1,52%, a R$ 5,5090.
Analistas citaram ruídos políticos locais como o principal fator de impulso para o dólar, com preocupações com o possível enfraquecimento de Guedes no governo e rumores sobre uma eventual saída sua do Ministério da Economia elevando a cautela e a volatilidade nos mercados.
“Há expectativas negativas sobre as pautas política e econômica”, disse à Reuters João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos. “Os novos boatos de que o Guedes pode estar enfraquecido e a preocupação fiscal têm afetado bastante o real.”
Duas fontes da equipe econômica disseram à Reuters que a saída de Guedes do governo não está na mesa e negaram notícias publicadas no fim de semana citando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como provável substituto de Guedes no comando da Economia.
Ainda assim, os rumores elevaram a tensão no mercado local, que já sofreu este ano devido às incertezas políticas, principalmente depois da saída de Sergio Moro – considerado um pilar do governo Bolsonaro – do cargo de ministro da Justiça. Em 2020, ainda em meio a um ambiente de juros extremamente baixos, o dólar acumula alta de mais de 37% contra o real.
Segundo Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do banco Ourinvest, outro fator que elevou a busca pela moeda norte-americana nesta segunda-feira foi “a discussão do pacote de estímulo fiscal nos Estados Unidos, que já dura semanas e ainda não chegou a um acordo”.
Com o Senado e a Câmara norte-americanos em recesso e sem nenhuma nova negociação programada com os representantes do presidente Donald Trump, as perspectivas de um acordo no Congresso dos Estados Unidos para ajudar os norte-americanos em dificuldades devido à pandemia de coronavírus perdiam força, e os parlamentares não devem se reunir novamente até o mês que vem.
No exterior, diante desse cenário, o dólar perdia força contra uma cesta de moedas.
Na última sessão, na sexta-feira (14), o dólar à vista havia registrado alta de 1,12% contra o real, a R$ 5,4274 na venda.
Nesta segunda-feira, o Banco Central realizou leilão de 12 mil contratos de swap cambial distribuídos entre os vencimentos 1º de março de 2021 e 1º de julho de 2021, em que vendeu o total da oferta.
A decisão sobre a rolagem de contratos de swap cambial tradicional com vencimento em outubro foi anunciada na quarta-feira (12), após o BC retomar ofertas líquidas desses ativos pela primeira vez em cerca de três meses.
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“Quando a gente vê o BC entrando é para prover liquidez nos mercados”, comentou Fernanda Consorte, destacando que, “em cenário de crise, o Banco Central não consegue segurar toda essa situação, levando o dólar de R$ 5,40 para R$ 5, por exemplo, mas consegue controlar situações muito díspares”. (Com Reuters)
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