O dólar engatou a terceira alta consecutiva frente ao real hoje (7), acumulando o maior ganho semanal desde junho, amparado por um dia de aversão a risco nos mercados externos em meio a dados nos Estados Unidos e incertezas sobre novo pacote de auxílio norte-americano.
O dólar à vista subiu 1,30%, a R$ 5,4126 na venda, maior patamar desde 30 de junho (R$ 5,44). Nos últimos três pregões, a moeda avançou 2,44%.
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Na semana, a cotação ganhou 3,72%, mais forte valorização desde a semana finda em 19 de junho (+5,41%). No ano, o dólar salta 34,88%, com o real mantendo a posição de pior desempenho global entre as principais divisas no período.
“Os dados de emprego nos EUA vieram melhores que o esperado e deram motivos para os compradores de dólar depois de semanas de queda da moeda (no exterior)”, disse Cleber Alessie, operador de câmbio da Commcor DTVM. “Hoje sofremos junto com o resto do mundo, com a particularidade da maior amplitude de nossos movimentos”, acrescentou.
O real teve a segunda maior queda na sessão entre as principais moedas. Apenas o peso chileno (-2%) caiu mais.
A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou consideravelmente em julho, em meio ao ressurgimento das infecções de Covid-19, o que fornece a evidência mais clara de que a recuperação econômica da recessão causada pelas medidas de isolamento social está vacilando, mas os números ainda vieram melhores que o esperado.
O mercado também acompanhou o noticiário sobre discussões nos EUA a respeito de novo pacote de alívio, que seguiam empacadas enquanto o país ultrapassava as 160 mil mortes por Covid-19.
O índice do dólar frente a uma cesta de moedas saltava 0,7% no fim da tarde, maior alta desde 11 de junho, com a divisa norte-americana fortalecida contra praticamente todos os seus principais rivais. A alta do dólar empurrou o ouro para queda, depois de cravar novo recorde nas negociações de mais cedo.
Luis Laudisio, operador da Renascença, acredita que o mercado em geral mostrou excessivo otimismo na véspera, quando as bolsas de valores e outros ativos voltaram a mostrar rali. “Hoje (os investidores) estão passando uma régua em parte das posições”, disse. O Ibovespa caiu 1,29% e o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York ficou perto da estabilidade, ambos segundo dados preliminares.
Para o curto e médio prazo, a questão fiscal e incertezas relacionadas à pandemia mantêm o cenário nebuloso para o câmbio no Brasil, num contexto em que a América Latina segue em dificuldades para conter o coronavírus.
O Bank of America notou que nos últimos seis meses as maiores movimentações nas moedas emergentes foram vistas nas moedas de Brasil e México, além de Rússia. “Isso provavelmente captura o fato de que a América Latina vinha sendo especialmente vulnerável ao sentimento de risco e choques da Covid-19, enfrentando condições macroeconômicas desafiadoras”, afirmaram analistas do banco.
Num plano mais amplo, o BofA entende que “o consenso do mercado pode estar muito complacente ou otimista diante de uma série de riscos”.
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O Itaú Unibanco ainda vê recuperação da economia global no segundo semestre, o que amparou redução nesta sexta-feira de sua estimativa para o dólar ao fim deste ano para R$ 5,25, ante R$ 5,75 da previsão anterior. Mas o banco aponta receios de ordem fiscal como limitadores a um desempenho melhor para o real.
“Acreditamos que o risco fiscal ainda elevado, a contração acentuada da atividade econômica e o cenário de juros baixos devem impedir uma apreciação mais intensa da moeda, que deve terminar o ano próxima aos patamares observados nos últimos meses, com depreciação perto de 30% em relação ao nível observado no final de 2019”, afirmou o Itaú, mantendo prognóstico de dólar a 4,50 reais ao término de 2021. (Com Reuters)
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