O dólar fechou em firme queda ante o real hoje (26), voltando a níveis de uma semana atrás, com desmonte de posições compradas na moeda norte-americana na parte da tarde em meio a dados indicando melhora de fundamento para o câmbio sob o prisma das contas externas e num contexto em que bancos elevaram recomendação para a divisa brasileira.
O dólar à vista caiu 1,19%, a R$ 5,5274 na venda, menor valor desde o último dia 18 (R$ 5,4685). A desvalorização percentual é a mais forte desde 13 de agosto (-1,56%). Na mínima da sessão, atingida pouco depois das 16h (de Brasília), a cotação desceu a R$ 5,5144 (-1,43%), depois de, na máxima, alcançada às 11h16, subir a R$ 5,6145 (+0,36%). Na B3, o dólar futuro tinha queda de 1,54% às 17h01, para R$ 5,5270.
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O real liderou as altas entre as principais divisas globais nesta sessão e acompanhou o enfraquecimento do índice do dólar no exterior, com o mercado reagindo a dados fracos sobre confiança do consumidor dos EUA.
Mas no mercado a sensação era que a moeda doméstica estava inclinada a alguma correção, depois de o dólar superar R$ 5,60 recentemente e saltar 9,4% em apenas cerca de um mês. “Alguma hora tem que cair”, resumiu um profissional do mercado financeiro.
Dados divulgados mais cedo pelo Banco Central sobre o balanço de pagamentos referendaram percepção de que, nesse lado, o fundamento do câmbio tem melhorado.
O superávit em transações correntes do Brasil foi de US$ 1,628 bilhão em julho –uma reversão frente ao déficit de US$ 9,790 bilhões no mesmo mês do ano passado e melhor que o superávit de US$ 737 milhões esperado por analistas em pesquisa da Reuters. Os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram US$ 2,685 bilhões, um pouco acima da expectativa de US$ 2,5 bilhões.
Dalton Gardimam, economista-chefe do Bradesco BBI, prevê que o Brasil encerre 2020 com superávit em conta corrente de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) –na prática, com sobra de dólares–, o que não acontece desde 2007 (+0,03%) e no que seria o melhor resultado desde 2006 (+1,18%).
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Marcos Mollica, do Opportunity, comentou que a tendência de melhora “continua forte”. Em seus cálculos, o resultado das transações correntes na média móvel dessazonalizada e anualizada de três meses está rodando a US$ 15 bilhões positivos, contra déficit de US$ 50 bilhões em 2019. Ele citou ainda o forte investimento estrangeiro produtivo como destaque. “Minha impressão é que, com uma sinalização minimamente aceitável no fiscal, este câmbio (o dólar) pode desmontar (cair), ainda mais com o técnico do jeito que está”, afirmou.
Alguns profissionais do mercado avaliam que o posicionamento técnico contra o real está excessivo e que, nesse contexto, haveria chance de alguma correção favorável ao câmbio. Esse é um dos argumentos utilizados por pelo menos três bancos estrangeiros –Bank of America, JPMorgan e BNP Paribas– para justificarem a melhora na avaliação sobre a moeda brasileira. (Com Reuters)
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