O dólar era negociado em alta acentuada contra o real na manhã de hoje (8), com os operadores voltando de um final de semana prolongado de olho na cautela internacional em meio a tensões entre Estados Unidos e China e a ruídos sobre um Brexit sem acordo.
Ontem (7), o presidente dos EUA, Donald Trump, levantou a ideia de separar sua economia e a da China, voltando a amargar a retórica com o país asiático à medida que as eleições presidenciais norte-americanas de novembro se aproximam.
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Já o Reino Unido iniciou uma nova rodada de negociações comerciais do Brexit hoje com um alerta à União Europeia de que está acelerando os preparativos para sair do bloco sem um acordo, o que elevava o nervosismo dos investidores globais, prejudicando o apetite por ativos arriscados.
“O mercado reage à sinalização de uma piora na relação entre China e Estados Unidos, o retorno das preocupações em torno de um Brexit sem acordo e novos sinais de piora nas condições sanitárias na zona do euro”, disse em nota o time econômico da Guide Investimentos.
“Ainda não há indícios de ações que ameacem o acordo comercial assinado em janeiro pelas duas potências, mas a proximidade com as eleições parece levar Trump a querer apertar o cerco dos chineses frente ao seu eleitorado”, completou.
Às 10:26, o dólar avançava 1,43%, a R$ 5,3844 na venda, tendo saltado a R$ 5,4045 na máxima intradiária, enquanto o dólar futuro de maior liquidez subia 1,52%, a R$ 5,3845.
Hoje, os futuros de Wall Street, as bolsas de valores europeias e moedas de países emergentes — como peso mexicano, lira turca e rand sul-africano — operavam em queda, refletindo a maior aversão a risco, enquanto o índice do dólar apresentava alta.
Além de refletir as manchetes pessimistas das principais economias, o mercado local apresentava correção ao voltar de um fim de semana prolongado. “Hoje temos um pregão um pouco atípico devido a ajuste após os mercados terem permanecido fechados na véspera”, disse à Reuters Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.
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Enquanto isso, os investidores seguem de olho na agenda de reformas doméstica, “acompanhando como será a articulação do governo brasileiro com o Legislativo para colocá-las em prática em tempo suficiente para as contas públicas não se deteriorarem”, comentou Panonko, acrescentando que qualquer sinalização política que foge do roteiro esperado pelos mercados pode pressionar os ativos locais.
Na última sessão, na sexta-feira (4), o dólar negociado no mercado interbancário teve alta de 0,33%, a R$ 5,3081 na venda.
Em 2020, em meio a um ambiente de juros baixos, incerteza política e crescimento econômico fraco, o dólar acumula salto de cerca de 34% contra o real.
Nos últimos meses, em momentos em que o real apresentou movimento muito divergente em relação a pares emergentes, o Banco Central tem marcado presença nos mercados de câmbio, chegando a anunciar leilões de venda de dólar à vista para corrigir movimentos vistos como exagerados.
“O BC tem uma postura bem vigilante em relação ao fluxo cambial, e, se houver dificuldade de liquidez, vai intervir”, disse Rafael Panonko. “Seu objetivo é prover liquidez aos mercados para reduzir a volatilidade.”
O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em março e julho de 2021. (Com Reuters)
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