O dólar avançava com força contra o real na manhã de hoje (21), em pregão marcado pela aversão a risco global diante do salto nos casos de coronavírus nas principais economias, enquanto temores domésticos sobre a saúde fiscal brasileira continuavam impulsionando a busca pela segurança da moeda norte-americana.
Às 10:37, o dólar avançava 1,36%, a R$ 5,4502 na venda, chegando a tocar o patamar de R$ 5,4984 na máxima do dia, salto de 2,26%. O principal contrato de dólar futuro ganhava 0,90%, a R$ 5,4415.
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Esse movimento estava em linha com o comportamento da divisa norte-americana no exterior, com o índice do dólar ante uma cesta de pares fortes saltando cerca de 0,5%. A maioria das moedas latino-americanas operava em queda, assim como outras divisas internacionais arriscadas ou ligadas a commodities.
Segundo vários participantes do mercado, os movimentos de venda de ativos arriscados nesta manhã refletiam os temores sobre uma possível retomada de lockdowns nas principais economias, já que os casos de coronavírus voltaram a disparar na Europa, com o Reino Unido avaliando um segundo lockdown nacional após os novos casos aumentarem em ao menos 6 mil por dia.
“Estamos vendo uma piora relevante no quadro sanitário da Europa nos países que começaram a abrir a economia a partir de abril”, explicou Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. “Com certeza essa maior aversão a risco eleva a demanda por segurança, e o principal ativo procurado em momentos de cautela é o dólar.”
Mas o movimento altista não é apenas reflexo da aversão a risco no exterior, ressaltou Ortiz.
No Brasil, o desconforto com a cena fiscal permanece em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do governo de financiar programas de assistência social sem desrespeitar o teto de gastos.
Na semana passada, um dia depois de vetar o Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o relator do Orçamento, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), a incluir na proposta orçamentária de 2021 a criação de um programa social com a mesma função do renegado pelo presidente.
“A equipe econômica não deixou claro como o novo programa será financiado de forma a ser encaixado no teto de gastos, que já corre o risco de não ser cumprido”, disse Ortiz, destacando ainda que “o risco político e o fiscal andam lado a lado”, uma vez que a maioria dos ruídos em Brasília ocorre em meio a negociações de reformas e maneiras de compor os gastos públicos brasileiros.
No ano de 2020, o dólar acumula salto de mais de 35% em relação ao real, impulsionado pelo cenário local de incertezas políticas e econômicas, além do ambiente de juros extremamente baixos, que diminuem a rentabilidade de ativos locais atrelados à taxa Selic.
Na quarta-feira passada (16), o Banco Central manteve a taxa básica de juros em sua mínima histórica de 2% ao ano após nove cortes consecutivos.
Na última sessão, na sexta-feira (18), a moeda norte-americana à vista registrou alta de 2,77%, a R$ 5,3767 na venda, maior valorização diária desde 24 de junho. (Com Reuters)
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