O dólar teve um “respiro” e fechou em queda de mais de 1% nesta quinta-feira (24), com investidores atentos ao noticiário sobre mais estímulos nos Estados Unidos e aproveitando para realizar lucros depois de quatro altas seguidas da moeda.
A manhã ainda foi de pressão no câmbio, com a divisa superando a barreira de R$ 5,60 e alcançando R$ 5,625 (+0,67%) por volta de 10h45. Logo depois, contudo, a cotação começou a perder força, seguindo descompressão externa e após o Tesouro Nacional anunciar os lotes disponibilizados para leilão de títulos públicos.
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No meio da tarde, o dólar bateu a mínima do dia, de R$ 5,494, queda de 1,68%.
No fechamento, a moeda negociada no mercado à vista caiu 1,34%, a R$ 5,5128 na venda. É a maior queda percentual diária desde 1º de setembro (-1,75%).
O dólar vinha de quatro altas seguidas, nas quais acumulou ganho de 6,80%.
A divisa trocou de sinal também no exterior. O índice do dólar frente a uma cesta de importantes moedas tinha ligeira baixa de 0,06%, abandonando alta de 0,27% de mais cedo. Várias divisas emergentes deixaram quedas da manhã e passaram a subir, com destaque para o peso mexicano, que saiu de perda de 1,4% para ganho em igual magnitude no final da tarde.
O mercado melhorou o humor em meio a notícia do Wall Street Journal de que os democratas da Câmara dos Deputados dos EUA estavam preparando um pacote de estímulo de US$ 2,4 trilhões.
A informação se somou a falas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, e do secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, de que centenas de bilhões de dólares em recursos para aliviar os efeitos do coronavírus não utilizados poderiam ser realocados para ajudar famílias e empresas dos EUA. [nL2N2GL1HA]
Parte do sentimento negativo do mercado nos últimos dias decorreu da percepção de que o impasse no Congresso dos EUA sobre um novo pacote de auxílio pode perdurar à medida que se aproxima a eleição presidencial do começo de novembro.
No Brasil, o Tesouro reduziu a oferta de LFT (título com rentabilidade atrelada à Selic) para 100 mil papéis, ante 500 mil em operações recentes, e vendeu todo o lote de NTN-F –ativo com tradicional demanda de estrangeiros.
No geral, o ajuste feito pelo Tesouro foi elogiado, depois de leilões recentes em que os volumes e disposição dos lotes causaram instabilidade no mercado de renda fixa, o que acabou contaminando o câmbio, tendo de pano de fundo temores sobre a sustentabilidade fiscal do país.
Alguns analistas afirmam que o nível baixo da Selic, de 2% ao ano, tem contribuído para a pressão no mercado de renda fixa, elevando temores sobre liquidez no sistema em meio a sinais de alta na inflação e ao encurtamento da dívida pública.
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Em coletiva de imprensa nesta quinta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o encurtamento da dívida é o preço que está sendo pago pelo país por um fiscal um pouco mais desarrumado.
Em meio às incertezas fiscais, um ponto de apoio ao câmbio tem sido o fluxo comercial, que tem mostrado sucessivos saldos positivos. Na semana que vem, o Ministério da Economia divulga os dados fechados de setembro e, nos cálculos do Citi, o superávit comercial mensal será o maior da história, com ajuste sazonal.
Nesta quinta, o BC reviu estimativa para o superávit da balança comercial a US$ 45,3 bilhões em 2020, frente a US$ 39 bilhões antes. (Com Reuters)
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