O dólar fechou na máxima em três semanas contra o real hoje (21), afetado por aguda aversão a risco nos mercados globais em meio a temores de novas restrições econômicas por causa do coronavírus, com incertezas eleitorais nos EUA também aumentando a apreensão dos agentes financeiros.
A moeda norte-americana, contudo, terminou a sessão longe da máxima do dia –quando saltou 2,26%, para R$ 5,4984–, conforme deixou os picos também frente a outras divisas emergentes, como peso mexicano e rand sul-africano.
O real já vinha de perda expressiva na sexta, quando o dólar saltou 2,8%, o que conteve o movimento de apreciação desta segunda.
O dólar à vista subiu 0,43%, a R$ 5,40 na venda. É o maior patamar desde 31 de agosto (R$ 5,4807). Na mínima desta sessão, atingida na parte da tarde, a moeda marcou R$ 5,3888, ainda em alta de 0,23%. O índice do dólar ante uma cesta de divisas fortes saltava 0,65% no fim da tarde, a caminho da maior valorização diária em um mês.
O mercado demandou a segurança da moeda dos Estados Unidos em meio a notícias de que o Reino Unido está considerando um segundo lockdown nacional, enquanto Dinamarca, Grécia e Espanha introduziram novas restrições à atividade. O ministro da Saúde da Alemanha disse que a elevação de novas infecções em países como França, Áustria e Holanda é preocupante.
Reforçando o nervosismo, a campanha presidencial dos EUA foi suspensa no fim da sexta-feira, depois da morte da juíza Ruth Bader Ginsburg, que integrava a Suprema Corte dos EUA e era tida como um ícone progressista. Os EUA realizarão eleições presidenciais em 3 de novembro.
O Citi disse que passou a ficar “mais negativo” em relação a moedas emergentes à medida que se aproxima a eleição norte-americana. Peso mexicano (-1%), rand sul-africano (-2,5%), peso colombiano (-1,7%) e peso chileno (-1,5%) estavam entre as moedas de pior desempenho nesta sessão.
O humor geral também foi afetado na sessão notícias sobre como vários bancos globais movimentaram grandes somas de fundos supostamente ilícitos ao longo de quase duas décadas.
O que preocupa é que fatores externos pegam o mercado de câmbio num momento já delicado devido a desconfianças do lado doméstico, com o turvo cenário fiscal e para reformas levando operadores a alvejar ativos de renda fixa, o que contamina o sentimento para o real e a bolsa.
A taxa do contrato de DI para janeiro 2025 disparou 23 pontos-base na máxima do dia, depois de na sexta ter voado 37 pontos-base entre o pico e o fechamento do pregão anterior, indicativo da forte volatilidade no mercado de juros pelo receio sobre as contas públicas.
Até o meio da semana passada –quando a tensão no mercado de renda fixa ainda não havia se agravado–, o real vinha de cerca de três semanas de ganhos ante o dólar. Nesse período, a moeda brasileira valorizou-se 7,27%.
Porém, o humor do mercado virou conforme os preços na renda fixa se deterioraram diante de pressão nas negociações com títulos públicos, derivada de dúvidas sobre a capacidade do Tesouro Nacional de refinanciar a dívida pública.
“O rali do real foi justificado, em nossa visão, por renovado impulso sobre a agenda de reformas. Contudo, acreditamos que essa reavaliação está de forma apropriada nos preços e encerramos o ‘trade’ de compra de real”, disseram analistas do Bank of America em relatório recente. (Com Reuters)
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