O dólar voltou a cair ante o real hoje (2), indo abaixo de mais um suporte técnico e fechando no menor nível em quatro semanas, com investidores ainda repercutindo mensagens mais positivas do governo com relação à política fiscal do país, o que ajudou a amenizar o prêmio de risco embutido no preço do câmbio.
O real destoou de vários de seus pares nesta sessão, marcada pelo fortalecimento do dólar nos mercados externos após dias seguidos de perdas.
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O dólar à vista caiu 0,49%, a R$ 5,3586 na venda, menor patamar desde 6 de agosto (R$ 5,3429).
É a quarta desvalorização da moeda nas cinco sessões que se seguiram desde que a divisa bateu uma máxima em mais de três meses (de R$ 5,6124) em 26 de agosto. No período, o dólar recuou 4,52%.
O dólar oscilou nesta quarta entre alta de 0,87%, a R$ 5,4318, logo no começo da sessão, e queda de 0,72%, a R$ 5,346, perto do fechamento.
O mercado aguarda, para amanhã (3), o envio ao Congresso Nacional do texto da reforma administrativa, conforme anunciado na véspera (1) pelo presidente Jair Bolsonaro. A promessa foi entendida como sinal de maior compromisso do governo com a agenda de reformas e de equilíbrio fiscal, o que indica fortalecimento da posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro do Executivo.
O dólar caiu nesta quarta abaixo da média móvel de 50 dias (de R$ 5,3713), após na terça ter fechado aquém da média de 100 dias (na véspera em R$ 5,3894). Essas médias móveis são consideradas pontos de suporte ou resistência (dependendo da direção do ativo) e, se rompidas, podem abrir espaço para aceleração do movimento em curso – no caso, de queda do dólar.
Investidores acompanharam nesta quarta declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a autoridade monetária não trabalha com nível de preço para o câmbio e que poderá intervir “pesadamente” caso ache necessário. O BC segue estudando os fatores que estão provocando a volatilidade, completou ele, citando a realização de mais contratos pequenos e o uso do real como hedge.
O debate sobre níveis de câmbio na mira do BC voltou à tona depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovar na semana passada transferência de R$ 325 bilhões do lucro cambial contábil da autarquia para reforçar o caixa do Tesouro Nacional.
Alguns analistas argumentaram que, com a decisão do CMN, o BC passaria a trabalhar com um teto para o dólar (com o número de R$ 5,50 sendo citado), acima do qual a autoridade monetária ficaria mais à vontade para vender moeda no mercado e, assim, não correr risco de se descapitalizar caso o dólar teste níveis em torno de R$ 4,90. Esse seria o patamar, segundo profissionais do mercado, no qual a operação se inverteria, com o Tesouro precisando socorrer o BC.
A última venda de dólar spot ocorreu em 21 de agosto, no valor de US$ 650 milhões, elevando a US$ 1,79 bilhão o total colocado desde o dia anterior. Essas operações ocorreram poucos dias antes de a Petrobras realizar, no dia 25, pré-pagamento parcial de linhas de crédito compromissadas no valor de US$ 2,1 bilhões.
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Para Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia da gestão macro da gestora AZ Quest, o sentimento com relação ao real melhorou, ajudado pelo exterior e por sinais benignos do governo sobre austeridade fiscal, mas um dólar abaixo de R$ 5,30 pode voltar a estimular posições negativas na moeda brasileira.
“A apreciação do real é limitada. [Com um dólar] abaixo de R$ 5,30 o mercado começa a repensar sobre comprar dólar de novo, por causa do carry baixo, do juro real negativo ou zero… Isso tudo joga contra a moeda [brasileira]”, afirmou Zerbini.
Ele afirmou que, por ora, está zerado em posição “seca” (direcional) em real, mas vendido na moeda dentro de uma cesta de divisas emergentes, num trade que serve como hedge para posições compradas em bolsa norte-americana. (Com Reuters)
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