O dólar era negociado acima de R$ 5,50 — patamar recentemente apontado por analistas como nível de resistência da moeda — hoje (23), refletindo a força da divisa norte-americana no exterior em meio a temores sobre a retomada de lockdowns nas principais economias do mundo, enquanto preocupações fiscais domésticas continuavam no radar.
Às 10:40, o dólar avançava 0,74%, a R$ 5,5086 na venda, depois de ter chegado a saltar 1,12% na máxima do dia, a R$ 5,5297 na venda. O dólar futuro negociado na B3 subia 0,80%, a R$ 5,515.
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A tendência vista no mercado de câmbio doméstico estava em linha com os ganhos do dólar no exterior, uma vez que o anúncio de novas restrições relacionadas à Covid-19 no Reino Unido desencadeava uma onda de cautela internacional sobre o impacto econômico do ressurgimento de casos da doença.
O índice da moeda norte-americana contra uma cesta de pares fortes permanecia em máximas em dois meses hoje, enquanto peso mexicano, lira turca e rand sul africano operavam em queda.
“O mercado está preocupado com uma segunda onda de infecções por Covid, com os investidores temerosos sobre se vai haver mesmo uma recuperação das principais economias”, explicou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, sobre a alta da moeda norte-americana nesta manhã.
“O cenário acaba deixando todo mundo em pé de guerra, e o dólar continua sendo a principal moeda de troca; é onde o mercado se refugia”, completou.
Enquanto isso, no cenário doméstico, analistas seguem apontando a deterioração das contas públicas como um fator de impulso para o dólar, com o risco fiscal somando-se à decepção com o atraso na agenda de reformas do governo de Jair Bolsonaro e às recorrentes tensões políticas em Brasília.
Além disso, o patamar atual da taxa Selic na mínima histórica de 2% ao ano, — nível próximo a padrões de países desenvolvidos — “não somente nos afasta do capital internacional que evita em partes a grande volatilidade que estamos observando neste momento, como (é incompatível) com o nosso quadro fiscal geral”, opinou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em nota.
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Refletindo o cenário árido tanto no âmbito internacional quanto no doméstico, o dólar rompeu hoje o nível de R$ 5,50, que a divisa havia resistido em superar nas últimas duas sessões. Nas máximas intradiárias de segunda e terça-feiras a moeda norte-americana foi a R$ 5,4984 e R$ 5,4975, respectivamente.
Segundo Reginaldo Galhardo, o nível de R$ 5,50 era visto pelos investidores como um possível gatilho para intervenção do Banco Central no mercado de câmbio diante de alguma especulação na moeda. No entanto, disse ele, “não vemos avanço da moeda apenas no Brasil; essa é uma mudança de humor mundial.”
“Diante do cenário o BC entende que essa alta não é especulativa, interna. É um avanço que (…) também reflete preocupações do lado externo com uma segunda onda de Covid.”
Na última sessão, o dólar spot teve alta de 1,26%, a R$ 5,4682 na venda, máxima desde 31 de agosto. (Com Reuters)
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