A bolsa paulista engatou a terceira semana consecutiva com sinal negativo, mesmo que discreto, hoje (18), quando o Ibovespa fechou novamente no patamar dos 98 mil pontos, reflexo da piora em Wall Street e desconforto com a cena fiscal no país.
Em meio a desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica, investidores seguem melindrados com as perspectivas para as contas públicas, em um momento em que a economia ainda sofre com os efeitos da pandemia de Covid-19.
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Dúvidas crescentes sobre a capacidade do Tesouro Nacional de refinanciar a dívida pública e o desconforto com o comportamento dos preços, particularmente os IGP-Ms, têm estressado os juros futuros longos e contaminado outros mercados.
No caso da bolsa, um dos principais suportes para a recuperação desde as mínimas de março é justamente o alívio na taxa estrutural de juros, não apenas a Selic, que está no piso histórico de 2% ao ano.
Do cenário externo, nem o tom ‘dovish’ do Federal Reserve conseguiu empolgar os agentes financeiros, que voltaram a embolsar lucros em Wall Street em meio a sinais mostrando estagnação da retomada da atividade econômica norte-americana.
Para Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, os eventos da semana, particularmente as reuniões do Fed e do Banco Central brasileiro, não trouxeram novidades relevantes.
“Eu vejo o investidor pouco motivado a fazer posições mais fortes no mercado pela falta de novidades e notícias, mas vejo que mesmo essa falta de notícias não foi suficiente para que o investidor saísse do mercado de maneira tão forte”, observou.
De acordo com Villegas, o que tem acontecido na bolsa é uma rotação setorial, com o investidor saindo de posições vencedoras no ano para papéis que estariam atrasados em busca de retornos mais atrativos. “Mas mais seletivo”, ressaltou.
Do ponto de vista gráfico, ele avaliou que o Ibovespa está bastante consolidado no intervalo de 98 mil a 100 mil pontos. “Mas se o Ibovespa perder esse patamar [de 98 mil pontos], pode sinalizar uma movimentação mais forte de queda”, ponderou.
Gestores e estrategistas também têm citado onda de ofertas de ações – IPOs e follow-ons – no mercado brasileiro em 2020 como mais uma componente que tem ajudado a deixar o Ibovespa oscilando em um intervalo razoavelmente curto.
Apenas neste ano, já ocorreram cerca de 30 ofertas (IPOs e follow ons), segundo dados disponíveis no site da B3, e há em torno de 50 ofertas iniciais engatilhadas, segundo registros na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Isso faz com que o mercado fique sobreofertado em termos de fluxo”, disse o gestor Guilherme Motta, da GAP Asset.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 1,81%, a 98.289,71 pontos, com variação negativa de 0,08% na semana e de 1,09% mês. No ano, amarga declínio de 15,01%. (Com Reuters)
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