A indústria brasileira iniciou o terceiro trimestre com aumento da produção pelo terceiro mês seguido e acima do esperado em julho, mas permanece 6% abaixo do nível visto antes das paralisações para contenção do coronavírus.
Em julho, a produção industrial cresceu 8,0% na comparação com o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) hoje (3).
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O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 5,7%, mas o setor ainda não conseguiu eliminar a perda de 27% acumulada em março e abril, quando a produção chegou ao seu ponto mais baixo da série.
Na avaliação do estrategista-chefe do banco digital modalmais, Felipe Sichel, o dado reforça o cenário de recuperação da economia brasileira, que se estendeu ao longo do mês de julho.
Ainda assim, ponderou o gerente da pesquisa, André Macedo, o setor continua 6% abaixo do nível pré-pandemia e isolamento social (em fevereiro). “Observa-se uma volta à produção desde maio, e é um crescimento importante, mas que ainda não recupera as perdas do período mais forte de isolamento.”
Na comparação com julho de 2019, a produção voltou a registrar resultado negativo pelo nono mês seguido ao cair 3,0%, o que destaca as dificuldades de recuperação do setor. A expectativa era de uma perda de 6,4% nessa base de comparação.
Nos sete primeiros meses de 2020, a produção da indústria brasileira acumula queda de 9,6%.
“Para recuperar essa perda, precisamos que a indústria mantenha crescimento em série para repor”, completou Macedo. “Ainda existe um espaço e um resíduo a ser recuperado. Todas as categorias estão abaixo de fevereiro de 2020.”
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Pela primeira vez na série histórica iniciada em 2002, 25 dos 26 setores apresentaram taxa positiva no mês de julho. A principal influência positiva partiu da alta de 43,9% na produção de Veículos automotores, reboques e carrocerias em julho diante da contínua retomada da atividade.
De acordo com o IBGE, o setor acumulou expansão de 761,3% em três meses consecutivos, mas ainda assim está 32,9% abaixo do patamar de fevereiro, antes da pandemia.
“A indústria automotiva puxa diversos setores em conjunto, sendo o ponto principal de outras cadeias produtivas”, destacou Macedo.
O único setor a apresentar perdas foi o de Impressão e reprodução de gravações, com queda de 40,6%, depois de expansão de 77,1% em junho.
Entre as categorias econômicas, a fabricação de Bens de Consumo duráveis aumentou 42,0% em julho sobre o mês anterior, enquanto a de Bens de Capital subiu 15,0%.
Os Bens de Consumo Intermediários tiveram aumento de produção de 8,4%, e os Bens de Consumo Semi e não Duráveis cresceram 4,7%.
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“Muita gente fora do mercado e sem emprego são variáveis importantes para acompanhar daqui para a frente. O mercado de trabalho é importante para uma consistência da eventual retomada da produção industrial”, disse Macedo.
No segundo trimestre, a indústria foi a mais afetada pelas consequências do coronavírus, com recuo recorde da produção de 12,3% sobre os três meses anteriores, segundo os dados do PIB divulgados esta semana pelo IBGE.
Já o mercado prevê que a produção do setor vai encolher 7,35% este ano, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, com a economia retraindo 5,28%. (Com Reuters)
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