O Ibovespa fechou o pregão desta quarta-feira (28) com perdas profundas, despencando 4,23% – a maior queda percentual desde abril – e retornando ao patamar dos 95 mil pontos. No sentido oposto, o dólar disparou contra o real, fechando no maior patamar desde meados de maio, com alta de 1,43% e negociado aos R$ 5,76 na venda. Os movimentos refletem o anúncio de novos lockdowns na Europa e o crescimento nas contaminações por coronavírus nos EUA, aumentando as incertezas sobre a recuperação das principais economias globais.
Rossano Oltramari, sócio da 051 Capital, destaca que a aversão aos riscos do dia pressionou os setores mais sensíveis e já impactados pelo coronavírus, como as companhias aéreas e shoppings, enquanto o mercado acompanha o fim da reunião do Comitê de Política Monetária, que deve manter a taxa Selic no patamar de 2% ao ano.
Em Wall Street, o Dow Jones registrou o quarto dia no negativo, perdendo 3,43% na sessão, marcando a pior sequência desde fevereiro. O S&P 500 desvalorizou 3,53% e o Nasdaq teve recuo de 3,73%. Na Europa o tombo foi ainda maior: o DAX, da Alemanha, recuou 4,17%, o FTSE MIB, da Itália, perdeu 4,06% e, em Paris, o CAC 40 teve baixa de 3,37%.
“Há um mês, a narrativa era de que a quarentena (lockdown) da segunda onda seria limitada e direcionada a regiões específicas e, portanto, impactaria pouco a economia. A velocidade de novos casos de Covid-19 nos EUA e Europa vão contra a expectativa anterior. O mercado está traumatizado com as quarentenas e, qualquer anúncio neste sentido, deixa os investidores assustados”, explica João Beck, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos.
Na Europa, a Alemanha adotará lockdown emergencial de um mês que inclui o fechamento de restaurantes, academias de ginástica e teatros a fim de reverter o pico de casos de coronavírus, evitando sobrecarregar os hospitais, afirmou a chanceler, Angela Merkel. Na França, o presidente Emmanuel Macron disse que o novo lockdown nacional tem início nesta sexta-feira e permanecerá em vigor até 1º de dezembro.
“A aversão ao risco global pegou o mercado de surpresa numa semana de divulgação de balanços, com alguns resultados iniciais mostrando certo otimismo. Mas quando a locomotiva lá de fora vira, nosso bonde segue junto. Não tem jeito”, avalia Beck.
Ontem, os EUA registraram mais de 73 mil casos de coronavírus, aumentando a pressão sob a Casa Branca por novos estímulos econômicos. No domingo, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, afirmou: “não vamos controlar a pandemia”. Ao invés de tentar conter o avanço do vírus, o governo norte-americano deverá concentrar esforços em vacinas e tratamentos para a doença que já matou mais de 225 mil pessoas e contaminou outras 8 milhões no país.
A menos de uma semana das eleições presidenciais, os investidores estão preocupados com vários resultados potenciais: que a eleição possa ser contestada; que uma “onda azul” dê a Joe Biden uma vitória e seu controle democrata do Congresso; ou que Trump seja reeleito, disse Chris Zaccarelli, diretor de investimentos da Independent Advisor Alliance.
Maiores baixas do Ibovespa
CIEL3: -11,66% a R$ 3,41
CVCB3: -9,88% a R$ 12,77
AZUL4: -9,58% a R$ 23,40
IRBR3: -9,51% a R$ 6,09
GOLL4: -9,03% a R$ 16,92
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